Lar compartilhado
55% dos paulistanos dividiriam o teto com desconhecidos
55% dos paulistanos viveriam em apartamento compartilhado, indica pesquisa
Fenômeno mundial, movimento coliving desponta como uma das principais tendências de habitação nas grandes cidades
Dividir o mesmo teto com amigos ou desconhecidos não é um hábito exatamente novo, mas tudo indica que, no futuro próximo, esta será uma prática tão comum quanto são as repúblicas universitárias hoje ou as pensões foram no passado. De acordo com estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), 55% dos paulistanos viveriam em espaços residenciais compartilhados durante um período a longo prazo.
A pesquisa aponta para uma das principais tendências de habitação nas grandes cidades - e que já pode ser vista em metrópoles como Nova York e Londres: a era dos colivings. Nela, o compartilhamento de espaços comuns, recursos e atividades diárias por pessoas desconhecidas dentro da mesma casa surgem como alternativa viável para quem busca por soluções de moradia mais flexíveis e econômicas.
Encomendado pela construtora Vitacon, o estudo sugere que os próximos anos revolucionarão ainda mais a forma de morar em sociedade. Cada vez mais, pessoas dividirão espaços de sua residência com outros moradores desconhecidos, que buscam economizar nas despesas de aluguel, mas ter serviços compartilhados de acordo com sua filosofia de vida e faixa etária.
Com o objetivo de entender como o brasileiro se coloca diante da alternativa de morar em uma residência compartilhada, o estudo ouviu 800 pessoas, de ambos os sexos, moradores de São Paulo e com idade acima de 16 anos. Da amostra pesquisada, 31% dos entrevistados aceitam compartilhar espaços com pessoas desconhecidas ou conhecidas na mesma casa, enquanto 22% declaram admitir a possibilidade de, a longo prazo, viver em moradia compartilhada, desde que conheçam as pessoas com quem dividirão o espaço. Outros 8% consideram a hipótese mesmo não conhecendo os demais moradores.
"Ao considerarmos São Paulo como uma capital de tendência para outras cidades, podemos afirmar que 60 milhões de brasileiros já aceitam morar em imóveis com espaços compartilhados, e que mais de 100 milhões estão dispostos a morarem em colivings nos próximos anos", projeta Alexandre Frankel, CEO da Vitacon. "É possível compor uma história de vida sem sequer pensar no velho conceito do 'sonho da casa própria'. No Brasil, essa parece ser uma ideia bastante arraigada, a estabilidade ligada à casa própria. Mas tudo indica que é hora de mudar: na vida prática, na conta financeira, na vida cotidiana", diz.
Para quem considera o coliving uma opção, a principal vantagem é a econômica. 34% dos entrevistados adotariam o modelo de moradia compartilhada para dividir custos e economizar, enquanto 27% encontram na ideia a chance de morar num lugar mais moderno e em uma vizinhança melhor. "O coliving permite a seus moradores viver uma vida mais rica, com mais serviços, e a resgatar o sentido de pertencimento numa metrópole que tem mais de 12 milhões de habitantes", pondera Gui Perdrix, vice-presidente da ONG Co-Liv e estudioso da tendência no mundo.
Além das motivações econômicas, outra questão desponta como benefício de viver em apartamentos compartilhados: a socialização. A possibilidade de conhecer novas pessoas e não se sentir só é a segunda principal razão apotnada pelos entrevistados com interesse em morar num coliving.
"O afluxo às grandes cidades continua a crescer, levando ao aumento dos preços dos imóveis e da demanda por habitação de um custo mais acessível. Por outro lado, o desejo de superar uma epidêmica e global solidão, presente de forma predominante em áreas urbanas, mostra como a sociedade está mudando valores. Tudo isso cria a base perfeita para a inovação do jeito de viver", conclui Perdrix.
Fonte: https://casavogue.globo.com