Locações no RJ
Demanda cai até 50% e imobiliárias agem
Coronavírus: demanda por locação de imóvel cai até 50% no Rio, e imobiliárias criam contrato digital
O avanço do novo coronavírus derrubou a demanda por locação de imóveis em até 50%, segundo estimativas de imobiliárias no Rio de Janeiro. Para manter as operações funcionando, os escritórios estão aumentando a participação dos negócios 100% digitais, com comunicação por meio de redes sociais e telefone, e restringindo as visitas presenciais aos imóveis.
Algumas administradoras criaram alternativas aos encontros presenciais com corretores, deixando as chaves na portaria ou pedindo que o proprietário abra as portas para que a visitação seja feita somente com a presença do interessado. Além disso, nos imóveis que já estão alugados, as administradoras já começaram a receber propostas de inquilinos para tentar negociar o pagamento do aluguel, adiando parte dos valores ou reduzindo a cobrança, no caso de imóveis comerciais.
Fernando Schneider, diretor da administradora Apsa, identificou uma queda acentuada no fluxo de clientes para locação. A empresa já havia lançado a plataforma Alugue Rápido, que possibilita locadores e locatários a fecharem negócio remotamente, e calcula que a ferramenta aumente em até 30% a velocidade para fechamento dos negócios. O desafio, segundo ele, é convencer o cliente a assinar o contrato sem passar pela etapa presencial do processo:
"É um desafio grande no aspecto cultural e comportamental porque as pessoas dificilmente fecham um contrato sem visitar o imóvel. Isso normalmente ocorre com pessoas que estão se mudando de outros estados. O movimento de procura de imóveis já tinha caído 50%, na semana passada. Estamos seguindo todas as recomendações e evitando entrar nos condomínios, ter um fluxo de pessoas dentro desses locais. O movimento na locação está em franca queda e não tem como ser diferente. Se o cliente desejar fechar sem ir ao imóvel, podemos fazer todo o processo. Por meio dos nossos aplicativos e no site, ele pode identificar o imóvel, e nós fazemos toda a intermediação entre proprietário e inquilino, com avaliação dos documentos de forma remota", avalia Schneider.
André Moreira, diretor da Martinelli Imóveis, está implementando estratégias para atender os clientes que não abrem mão de uma vistoria no imóvel. Os corretores entregam as chaves aos candidatos, depois da higienização do objeto, e as visitas ocorrem sem a presença do profissional. Mesmo assim, depois das medidas de isolamento dos que podem ficar em casa, houve retração no número de negócios fechados:
"Vínhamos de 30 a 40 locações por mês e este mês devemos fechar umas dez. Além disso, estamos sendo procurados por inquilinos que pedem para negociar o pagamento. Em geral, eles querem adiar o pagamento de 50% do valor mensal e diluir o restante ao longo do contrato. Alguns proprietários conseguem atender ao pedido, mas para outros que vivem da renda do aluguel é mais difícil aceitar a proposta", explica Moreira.
O caso dos imóveis comerciais é mais dramático porque os inquilinos, com comércio fechados, pedem a redução no valor do aluguel cobrado porque estão sem faturamento. Sonia Chalfin, diretora da administradora Precisão, acredita que a negociação é a melhor alternativa para manutenção do locatário:
"Temos recebido pedidos de renegociação de aluguéis para evitar a saída do locatário. Nada como um acordo entre as partes, mas a negociação depende da situação de cada um. Normalmente, no imóvel comercial, a maioria dos inquilinos pede a redução de aluguel, e estamos reduzindo, porque eles não estão fazendo uso do imóvel e não têm proventos. É uma situação passageira até voltar ao normal e conseguir uma receita que ajude a caminhar", pondera Sonia.
Novas visitas
Solange Portela de Andrade, diretora da JB imóveis, afirma que a imobiliária voltou a adotar a antiga estratégia de deixar as chaves com o porteiro para que o interessado em alugar possa conhecer o apartamento ou casa sozinho, adotando medidas de higienização:
"As visitas presenciais com auxílio de corretores estão suspensas, mas temos criado alternativas. Em muitos casos, as chaves ficam com porteiro, tomando cuidado com a segurança do condomínio. Em outros casos, alguns proprietários se propõem a mostrar, abrindo o imóvel para a visitação", afirma Solange.
Sonia Chalfin, diretora da administradora Precisão, ressalta que o fechamento de contratos de locação hoje estão ocorrendo por meio de assinatura virtual e remota, sem a necessidade de presença de inquilino e proprietário:
"As visitações orientadas pela internet. Antigamente, não havia estes recursos, e hoje o interessado consegue saber mais detalhes sobre o imóvel sem precisar sair de casa. A gente não pode mostrar nada e os funcionários (corretores) não podem sair à rua. Por isso, em muitos casos deixamos a chave com o porteiro. Na hora de alugar, fazemos todo o processo de documentação e a assinatura eletrônica, sem ser presencial", explica ela.
Os aplicativos e as empresas digitais também estão aproveitando o momento para consolidar sua presença no mercado imobiliário. Frederico Groth, cofundador da plataforma Click Alugue, acredita que o momento é promissor para quem que o dono do imóvel ou a própria administradora faça a gestão da propriedade de forma totalmente online, com relatórios semanais sobre anúncios de aluguel e contato com os interessados.
"O movimento “Faça Você Mesmo” está ganhando força, devido à imprevisibilidade econômica e financeira, e com a tecnologia o proprietário pode alugar e gerenciar seu imóvel de forma independente e simples", afirma Groth.
Fonte: https://extra.globo.com