Calendário altera ritmo do mercado de imóveis em 2014
Carnaval 'atrasado', mundial de futebol e eleições no País vão roubar a atenção dos consumidores e mudar a rotina do setor
O ano começa agitado no mercado imobiliário paulistano, pelo menos para quem pretende adquirir um apartamento na planta. Na esteira dos últimos dois meses de 2013, as vendas devem ganhar o protagonismo antes do carnaval - o primeiro hiato para os incorporadores em 2014, que terá ainda Copa do Mundo e eleições na agenda.
Os edifícios colocados à venda em novembro e em dezembro passarão por novas ações promocionais até o fim de fevereiro para reaquecer os ânimos após as festas de Natal e de réveillon - este ano, o carnaval será em março. "O quarto trimestre teve um absurdo de lançamentos, e o estoque, enorme, leva tempo para ser absorvido. Haverá relançamentos a partir da segunda quinzena de janeiro", diz o vice-presidente comercial da imobiliária Abyara Brasil Brokers, Bruno Vivanco.
Novembro contabilizou, de acordo com dados já fechados pela Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp),4.997 imóveis residenciais lançados, o mais forte desde o início de 2013 na capital. O diretor da companhia responsável pelo levantamento, Luiz Paulo Pompéia, diz que os números preliminares indicam um desempenho semelhante a esse também em dezembro.
Se as vendas devem ficar em alta no começo do ano, os lançamentos podem ter comportamento diferente do normal no mercado paulistano - que é de progressivo aquecimento no decorrer dos trimestres. A Copa do Mundo, a partir do dia 12 de junho, alterará a atenção dos compradores durante o mês de competições e outros tantos dias de discussões envolvendo a performance da seleção brasileira.
"Nós não temos muito referencial do efeito da Copa, mas sabemos que ela vai mudar o foco este ano. Também temos de agir de forma especial porque, nos dias de jogo, será feriado em várias cidades, e as pessoas não ficam vendo os jogos o tempo todo", diz a diretora geral de atendimento da imobiliária Lopes, Mirella Parpinelli.
Sabendo das dificuldades causadas pelo evento esportivo, o mercado vai aumentar seu ritmo em abril e maio, segundo Mirella. "Há projetos bons para sair, crédito imobiliário com fácil acesso e ainda desemprego baixo", justifica. Alguns incorporadores acreditam que o primeiro semestre de 2014 possa ter resultados mais expressivos do que o habitual.
O segundo semestre terá início no clima de ressaca ou de entusiasmo para os brasileiros. Em seguida, ganhará os ares das disputas eleitorais nos Estados e no plano federal. No entanto, segundo o diretor executivo da incorporadora You, Inc, Eduardo Muzkat, o agito de 2014 não deve alterar o comportamento dos consumidores atuais. "No médio prazo, a demanda continua boa, porque a base da nossa demanda é demográfica: vivemos o bônus demográfico no Brasil (ou seja, a maior parte da nossa população está na faixa etária com maior probabilidade de exercer atividades econômicas)." A empresa planeja alcançar R$ 800 milhões em Valor Geral de Venda (VGV) até o fim do ano.
Para o presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Cláudio Bernardes, a disputa nas urnas pode até ter efeito positivo no mercado imobiliário, muito dependente do desempenho da economia - o fraco desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) tem sido uma das principais críticas à gestão de Dilma Rousseff, que pretende se reeleger. "Parece que deverá haver um esforço do governo para que a economia funcione bem durante o ano das eleições."
Os empresários do setor mostram-se mais reticentes quando o assunto é o rumo da política econômica a partir de 2015. Mudanças na renda dos brasileiros e nas condições de crédito poderiam criar problemas de liquidez para os produtos imobiliários. Por enquanto, no entanto, o clima é de confiança.
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10%
É até quanto pode chegar a expansão de lançamentos e de vendas de residências novas em São Paulo este ano, considerando os "meses úteis", segundo o Secovi-SP
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CARACTERÍSTICAS
Desemprego em baixa, renda crescente, crédito abundante e bônus demográfico devem garantir crescimento ao mercado imobiliário em 2014
O calendário deve ser o maior problema do ano. O carnaval em março e a Copa do Mundo podem inibir os lançamentos
Fonte: O Estado de S. Paulo
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