Pagamento em dinheiro
MG: Mulher quita condomínio com moedas em forma de protesto
Moradora que pagou condomínio em moedas carregou 10 kg e fez planilha para não perder as contas
Pagamento foi feito como forma de protesto, após a administração do prédio exigir que acerto fosse feito em dinheiro. Foram usadas mais de 1.600 moedas.
A moradora do tradicional Edifício JK, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, que quitou a taxa de condomínio do prédio em que mora com mais de 1.600 moedas após a administração exigir pagamento em dinheiro, contou ao g1 que carregou 10 kg de moedas, e fez até uma planilha para não perder as contas.
Em um vídeo, Danielly Rocha, que mora no prédio há cerca de sete anos, mostrou as 1.663 moedas, de 5 centavos a 1 real, que conseguiu reunir depois de uma "força-tarefa" de pessoas próximas.
"Deu um pouquinho de trabalho. Foram vários cofrinhos rachados, na verdade. Amigos do trabalho também me ajudaram bastante. Foi uma ação coletiva. Todo mundo se mobilizou para conseguir o máximo de moedas pequenas possíveis", contou.
Em uma planilha, Danielly organizou a quantidade de moedas, o valor de cada uma e o dinheiro que tinha em mãos – um total R$ 835, 20.
"Eu pensei em pagar, de preferência, em moedas de menores valores possíveis, de 5 e de 10 centavos, pra simbolizar quanto que era absurdo, sabe?! Isso que eles exigem é impraticável", disse.
Pagamento como forma de protesto
Em entrevista ao g1, a engenheira eletricista, de 30 anos, disse que tomou a decisão como forma de protesto. Além dela, outro morador realizou o pagamento com moedas.
"Pra mim foi tipo cúmulo do absurdo. É inviável e perigoso pra gente, aqui do prédio, sair no horário comercial, ir lá e sacar o dinheiro, que é uma quantia considerável. Não faz sentido. Sem falar que o dinheiro vivo dificulta o controle financeiro e abre margem para irregularidades na prestação de conta. Isso bota em xeque até a intenção por trás dessa exigência, né? Então essa foi a maneira que eu encontrei de demonstrar o quanto essa situação toda é absurda", contou.
Ela relatou, ainda, que a reação dos funcionários do condomínio foi de surpresa e insatisfação ao verem a engenheira chegar com as mais de mil moedas para realizar o pagamento do condomínio. Foram cerca de duas horas para contabilizar todas as pratinhas.
Moradores que estavam na sede da administração apoiaram o protesto silencioso de Rocha. Segundo ela, a medida ajudou a dar visibilidade à insatisfação, que é geral. "Entenderam por que eu estava fazendo aquilo", relatou.
"Até agora eles não voltaram atrás com a decisão [do pagamento em dinheiro]. [...] Se eles insistirem nisso no mês que vem, eu vou continuar com o protesto e talvez até fazer pior! Vou tentar conseguir o maior número de moedas que dessa vez", concluiu.
Aos moradores, a administração disse que adotou o pagamento em dinheiro por problemas na emissão dos boletos junto aos bancos. O g1 entrou em contato com os responsáveis pelo edifício, porém não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
Sobre o JK
- O edifício JK, do arquiteto Oscar Niemeyer, foi concebido nos anos 1950 e inaugurado nos anos 1970. Em abril de 2022, ele foi tombado como patrimônio cultural de Belo Horizonte.
- No local, são duas torres de 23 e 36 andares de concreto e vidro, com mais de 5 mil moradores, 1.086 apartamentos e área total de 1,6 mil metros quadrados.
- LEIA TAMBÉM: Há 40 anos ocupando a função, síndica do edifício JK já se envolveu em outras polêmicas, como a criação de um código de vestimenta para moradores
Fonte: https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2024/10/10/moradora-que-pagou-condominio-em-moedas-carregou-10-kg-e-fez-planilha-para-nao-perder-as-contas-video.ghtml