Morte após queda
Criança caiu do 9º andar de prédio em Recife
Criança de 5 anos morre após cair do 9º andar de prédio no Centro do Recife
Caso ocorreu em um dos edifícios do conjunto conhecido como "Torres Gêmeas", nesta terça (2). Menino ainda foi levado para o hospital e perícia ponta que foi acidente
Um menino de 5 anos morreu, nesta terça-feira (2), após cair do 9º andar de um prédio no bairro de São José, no Centro do Recife. Segundo a Polícia Militar, o caso ocorreu às 13h, no Condomínio Píer Maurício de Nassau, um dos imóveis do conjunto conhecido como "Torres Gêmeas". A mãe dele trabalhava no quinto andar do prédio.
Miguel Otávio Santana da Silva era filho de uma empregada doméstica. O perito criminal André Amaral, que esteve no local para as primeiras investigações, informou que é possível informar a altura da queda. "Ele caiu de uma altura aproximada de 35 metros", afirmou o profissional.
Para Amaral, os vestígios apontam para um acidente. "Fizemos o levantamento do local, constatamos alguns elementos materiais e verificamos que se trata de uma natureza da acidental", declarou.
A perícia identificou, por meio das imagens de câmeras de segurança, que ele apertou diversos botões do elevador. "Disseram que ele estava procurando a mãe", disse o perito.
A PM informou, por meio de nota, que a vítima foi socorrida pela mãe e por um médico, que mora no edifício. A polícia não informou se a mulher trabalha na casa do profissional de saúde.
No momento em que foi socorrida, a criança ainda estava viva, mas morreu logo em seguida. Ela foi levada para o Hospital da Restauração (HR), no bairro do Derby, também na região central da capital pernambucana.
De acordo com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), uma ocorrência foi gerada às 13h23. Uma Unidade de Suporte Avançado e equipes de motolância chegaram ao local as 13h28, mas a criança já tinha sido socorrida.
A Polícia Militar, a Polícia Civil e o Instituto de Criminalística foram acionados para a ocorrência. O delegado Ramón Teixeira, titular da Delegacia Seccional de Santo Amaro, deu início às investigações.
Perícia
O perito André Amaral informou que foram encontrados vestígios da criança no hall de serviços, precisamente na casa de máquinas, na parte da condensadora do ar-condicionado. "Havia marcas de sandália de uma pessoa de 1,2 metro de altura, compatível com a altura da criança", afirmou.
Amaral contou que o menino subiu no para-peito que dá acesso a uma casa de máquina, escalando uma altura de 1,2 metro. "Ele chegou ao guarda-peito, que é de alumínio. A quarta aleta dessa grade, que tem marca, quebrou", disse.
Ainda segundo o perito, a criança se projetou, ao fazer uma escalada desse hall. "Não sabemos como ele chegou ao nono andar", observou.
O profissional disse, ainda, que ele saiu do quinto e chegou ao nono andar. "Temos imagem dele até o nono andar. Ele estava sozinho no elevador. Ele desceu até o hall", informou.
O perito não soube precisar se acriança estava só no apartamento do quinto andar, onde a mãe trabalha. "Só as investigações vão dizer isso. Só com o delegado", afirmou.
O perito também afirmou que a porta do nono andar e a janela estavam abertas. "A área de acesso não tinha proteção. Qualquer pessoa pode ter acesso. Mas não é comum uma criança ter acesso a uma área daquela. É uma área comum", disse.
[08/06/2020] Nova perícia é realizada no prédio de onde garoto caiu do 9º andar no Recife
Mãe do menino havia ido passear com cadela dos patrões, que são prefeito e primeira-dama de Tamandaré. Garoto ficou sob cuidados da patroa, que foi presa em flagrante por homicídio culposo e foi liberada após pagar R$ 20 mil de fiança.
O Instituto de Criminalística realizou, nesta segunda-feira (8), uma nova perícia no edifício de luxo no Cais de Santa Rita, no Recife, de onde Miguel Otávio de Santana, de 5 anos, caiu do 9º andar. O perito André Amaral afirmou que foram feitos testes na grade escalada pelo menino e aferições técnicas para consolidar a sincronia das imagens das câmeras de segurança.
Os peritos chegaram ao edifício pouco antes das 10h e saíram por volta de 12h30. "A gente foi fazer só verificação, tipo uma reprodução simulada para verificar e consolidar o que a gente tinha feito no início da perícia [no dia do acidente]. Permanece o que já tínhamos dito desde a primeira entrevista, que foi acidental", declarou Amaral.
Segundo o perito, os testes realizados no guarda-corpo foram realizados para verificar se eles suportavam o peso da criança (veja vídeo acima). Foi possível ver que um dos peritos sacudiu a grade e uma parte dela se desprendeu. Para Amaral, o menino subiu no guarda-corpo onde ficam as condensadoras de ar-condicionado e caiu quando a barra da grade, chamada de haste, quebrou.
Na terça-feira (2), dia do ocorrido, peritos que estiveram no Pier Maurício de Nassau, prédio de onde a criança caiu, e informaram ter encontrado vestígios do menino no hall de serviços, na casa de máquinas e na área destinada a condensadoras de ar-condicionado.
Um dos peritos informou que havia marcas de sandália e que a criança subiu 1,2 metro para chegar ao parapeito que dá acesso à casa de máquina. A grade do local está quebrada. Na quarta-feira (3), os peritos voltaram ao local para entender se o menino tinha altura para apertar os botões sozinho e constataram que ele era capaz de apertá-los.
Miguel era filho de Mirtes Renata Santana, que trabalhava como empregada doméstica para o prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker (PSB), e para a primeira-dama Sari Corte Real. Ela havia descido do apartamento da família, no 5º andar, para passear com a cadela da família dos patrões. O filho dela ficou sob os cuidados da patroa.
Através de imagens das câmeras de segurança do elevador, é possível ver que o menino entrou sozinho e foi seguido por Sari. A patroa parece apertar um botão no alto e, em seguida, o elevador se fecha. Miguel já havia apertado outros botões.
O elevador para em um dos andares, mas a criança não desce. Ao chegar ao 9º andar, a porta se abre e Miguel sai do elevador. Amaral afirmou, nesta segunda-feira (8), que não há câmeras no corredor deste andar.
De acordo com a perícia feita no dia do acidente, a criança caiu de uma altura de 35 metros. Segundo Mirtes, ele estava respirando quando ela o encontrou.
A criança foi levada ao Hospital da Restauração, na área central do Recife. Através de imagens mostradas no Fantástico do domingo (7), é possível ver que Mirtes acompanhou a criança no pronto-socorro. O menino, no entanto, não resistiu.
Prisão e fiança
Presa em flagrante por suspeita de homicídio culposo, quando não há intenção de matar, Sari Corte Real foi liberada depois de pagar fiança de R$ 20 mil. Ela vai responder em liberdade.
O advogado de defesa Sari, Pedro Avelino, afirmou que existem "vários outros vídeos de várias outras situações do menino Miguel entrando e saindo do elevador" e que Sari "acompanhou ele todas as vezes e conseguiu retirá-lo”.
Sari Côrte Real não quis conceder entrevista à TV Globo. Ela divulgou uma carta em que pede perdão a Mirtes e diz que a Justiça vai esclarecer a verdade.
Repercussão
O caso ganhou repercussão nacional, com manifestações de vários artistas e criação de um abaixo-assinado virtual com mais de 2,5 milhões de assinaturas pedindo justiça.
Na sexta (5), um protesto reuniu centenas de pessoas em frente ao prédio onde vive a família dos patrões de Mirtes, com forte participação do movimento negro. No domingo (7), outra homenagem foi feita em Tamandaré, na Mata Sul de Pernambuco.
Fonte: https://g1.globo.com/