Morte de criança em MS
Moradores se revoltam com administração da síndica. Entenda!
'Não tem segurança e ninguém toma providência', alegam moradores do condomínio onde criança de 3 anos morreu afogada
O menino estava desaparecida desde a tarde dessa sexta-feira (15) quando saiu de casa para brincar no parquinho do condomínio, em Campo Grande
A morte de José Felipe, de apenas 3 anos, na manhã deste sábado (16) em uma área alagada próxima a um condomínio, no Jardim Aero Rancho, em Campo Grande, deixou muitos moradores indignados. A revolta é sobre a administração da síndica, já que as pessoas alegam que a mesma não deu apoio e amparo para a família da criança.
José estava desaparecido desde a tarde dessa terça-feira (15) quando saiu de casa para brincar no parque infantil do condomínio onde mora. Segundo a família, quando os pais foram chamá-lo para tomar banho, não o encontraram mais no local e foram informados por outras crianças que ele havia saído para pegar uma pipa.
O corpo do menino foi encontrado neste sábado (16) por bombeiros em um local com água e vegetação, que seria uma área de contenção. Havia uma linha de pipa próxima.
Segundo alguns moradores, o local não tem segurança e a pessoas responsável por tomar providências não da o devido amparo.
"A gente não tem porteiro, não tem uma situação de segurança. Os portões que dão acesso a esses lugares [área alagada] ficam abertos. A gente fica sem ter o amparo da síndica. Ela nunca está aqui (…) A gente fica sem ter o que fazer e desprotegido”, reclamou uma dona de casa, de 34 anos.
Ela afirmou ainda que o que ocorreu com José Felipe poderia ter acontecido com qualquer outra criança do condomínio. "Já era uma coisa que ia acontecer. A gente já fez vários abaixo-assinados e ninguém toma providência. O portão ficava aberto, quando estraga, fica semanas sem arrumar", declarou.
Uma outra moradora afirmou que há dois meses uma vizinha, do mesmo condomínio, perdeu a filha de 2 anos, por negligência.
“Quando a menina passou mal (…) o Samu não conseguiu entrar, porque os portões estavam estragados, e tentamos contato com a síndica, porque tem um [portão] na frente, que só ela tem o cadeado. Quando conseguiram abrir, a menina já estava morta dentro do quarto. Estamos indignados! Uma mãe perder o filho não é fácil. A síndica tinha que estar aqui para dar apoio e não apareceu. Todo mundo está indignado!”, afirmou.
O g1MS entrou em contato com a sindica responsável pelo condomínio que afirmou lamentar a situação e diz que o portão em que o menino saiu sempre está cadeado, mas como não estava no condomínio não sabe se alguém abriu. Ela completou dizendo que outras vezes as crianças já haviam pulado a cerca para pegar bolas e pipas.
"Não é de hoje que a administração vem tentando conscientizar os moradores da necessidade dos pais acompanharem as crianças e estipular horários nos parquinhos. O condomínio é de baixa renda e não conseguimos manter uma estrutura de segurança", informou em nota.
A responsável disse também que esteve no local neste sábado, mas após receber ameaça de moradores preferiu ir embora.
Investigação
De acordo com o delegado, Christian Duarte Mollinedo, da Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) Cepol, a mãe do menino foi ouvida e, a princípio, inserida como suspeita do crime de homicídio culposo, devido a essa falta de cuidar do filho.
“Ela tem uma justificativa bem boa, porque ela tem outro filho especial que precisou dela no momento do banho, parece que chamou por ela, e aí ela acabou deixando a criança [que morreu)] sob cuidados de uma outra criança, na área de lazer, e somente no final do dia ela foi procurá-lo”, afirma o delegado.
Já em relação em condomínio, a síndica não estava no local. Contudo, o delegado a aguarda para prestar esclarecimentos. “Ela pode ser ouvida e responder por algum crime em razão de ter deixado esse portão acessível às crianças (…) qualquer criança poderia se afogar”, conclui.
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