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Convivência

Morte em condomínio

Família de vítima de tiro em SP discorda de sucessão de fatos

sexta-feira, 8 de maio de 2015
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Família contesta versão de acusado de matar rapaz em condomínio de SP.

Matheus Moreno das Chagas, 18, foi morto a tiros após errar a entrada de seu apartamento em Pirituba, na zona norte de São Paulo
 
Quase uma semana após a morte do estudante Matheus Moreno das Chagas, 18, em um condomínio de Pirituba, na zona norte de São Paulo, a família dele e a defesa do acusado, o ex-agente da Polícia Federal Claudécio Ferreira de Azevedo, 69, sustentam versões diferentes para o que aconteceu. Azevedo atirou contra Chagas na madrugada de 1º de maio após o estudante supostamente forçar a porta do apartamento do ex-policial.
 
Segundo os familiares da vítima, Matheus tinha voltado de um encontro de amigos e estaria embriagado, o que levou a confundir o andar onde morava com a mãe. Do 16º andar, foi parar por engano no 18º, onde morava Azevedo com a mulher e as filhas. Achando que era o seu apartamento, insistiu em entrar com a chave, e não conseguindo, bateu na porta. Foi quando Claudécio abriu e sem esperar reação do jovem, atirou contra ele.
 
Na versão do ex-policial, segundo contou seu advogado, Daniel Bialski, o ex-agente ouviu o barulho e mandou o restante da família se esconder em um quarto. De posse da arma, tentou ver quem era pelo olho mágico da porta, sem sucesso. Ao abri-la, o estudante avançou sobre o apartamento. Claudécio avisou para que ele parasse, e como ele continuou, disparou os tiros em legítima defesa.
 
Os dois lados também questionam outras circunstâncias sobre o crime. Para os familiares de Chagas, o acusado estaria tentando mudar as versões do seu relato para possivelmente obter a inocência ou obter uma pena mais branda se for condenado. Além disso, a arma do crime não foi encontrada.
 
“O ex-policial disse que Matheus tentou agredi-lo e matou em legítima defesa. Depois disse que Matheus tentou entrar na casa e que o corpo estava na cozinha, o que caracterizaria tentativa de invasão. Mateus não conhecia ele, não tinha briga com ninguém. O vizinho tinha mil opções [para se proteger] antes de atirar. E era um condomínio de muita segurança, qual era a chance disso [uma invasão] acontecer?”, diz Gabriel Costa, primo de Matheus.
 
“Há de se convir que Matheus não morreria com a chave na mão se quisesse agredir alguém”, defende o pai, Marcelo Chagas. Já a mãe, Verônica, suspeita da possibilidade do local do crime ter sido alterado. “Do horário que meu filho subiu pelo elevador pra eu ser comunicada, passou uma hora. Pode ter acontecido de tudo”, diz ela.
 
A família criou uma página no Facebook para postar informações e homenagens a Matheus. Os pais procuraram na segunda-feira (4) o apoio do secretário de Direitos Humanos, Eduardo Suplicy, para elucidar o caso.
 
Segundo o boletim de ocorrência, havia uma substância amarelada no bolso de Matheus “aparentando ser cocaína”, segundo o relato do policial militar que chegou à cena do crime, mas a confirmação dessa informação só virá após o laudo da perícia, que deverá sair em até 30 dias.
 

Outro lado

 
O advogado de Claudécio Azevedo, Daniel Bialski, não confirma nenhuma versão envolvendo agressão entre Matheus e o ex-policial –apenas que Matheus forçou a entrada na casa após o vizinho abrir a porta e avançou sobre o morador.
 
O corpo estaria na entrada na cozinha, de acordo com a versão da defesa, por ser perto da porta de entrada do apartamento. Além disso, o 18º andar, por ser uma cobertura, tem um formato diferente dos demais andares, o que dificultaria a possibilidade de ser confundido com o 16º.
 
Sobre a arma do crime ter desaparecido, Bialski diz que horas depois dos disparos, Azevedo saiu apressado de casa com a família ainda de pijama, com a arma na cintura, e esta teria caído e sido perdida.
 
“Fico condoído pela perda irreparável da família, mas não podemos inverter o pólo porque ele queria se defender. Ele agiu dentro do direito à proteção do patrimônio e da integridade física”, declara.
 
Claudécio Azevedo também responde por outra acusação na Justiça envolvendo armas de fogo.
 
Em 2011, ele atirou na perna de um homem após uma discussão em uma lotérica. O advogado diz que o ex-policial também teria atirado em legítima defesa. Na terça-feira (5) houve uma audiência sobre o caso, mas Claudécio não compareceu, segundo Bialski, porque ainda estaria abalado com o ocorrido em seu apartamento.

Fonte: http://boainformacao.com.br/

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