Síndico diz que Champignon fez 'gesto' no elevador de prédio
Vizinhos chamaram polícia, após tiro; polícia investiga hipótese de suicídio. Em março, Chorão, parceiro no Charlie Brown Jr., morreu de overdose.
O síndico Gino Castro disse nesta segunda-feira (9) que as imagens das câmeras de segurança do condomínio onde morava o músico Luiz Carlos Leão Duarte Junior, o Champignon, foram entregues para a Polícia Civil. Perguntado se houve um gesto agressivo flagrado pela câmera do elevador, ele respondeu: "tem, tem um gesto, mas eu prefiro não comentar. Vou deixar por conta da doutora (delegada)", disse Castro.
Segundo o síndico, Champignon e a mulher Cláudia Campos chegaram à portaria do condomínio à 0h05. Eles voltavam de um jantar em um restaurante e contaram com a carona de amigos para chegar ao prédio, que fica na região do Morumbi, na Zona Sul de São Paulo.
Depois de deixarem o carro e entrarem no condomínio, Champignon e Cláudia passaram pelo hall caminhando lado a lado, sem dar as mãos e aparentemente sem conversar.
Castro não quis comentar detalhes do gesto que Champignon teria feito quando já estava dentro do elevador. Ele disse que todas as imagens somam dois minutos e mostram o casal até 0h07 desta segunda. "São imagens daqui [portaria] até o hall do prédio e a subida dele até a entrada do apartamento", disse.
Em entrevista ao SPTV, o delegado-geral, Maurício Blazek, disse que o casal passava por dificuldades financeiras e este foi o motivo da discussão no restaurante.
A delegada Milena Suegama, do 89º Distrito Policial, disse nesta manhã que Cláudia contou que teve uma discussão no restaurante com o marido. O tema da discussão não foi revelado, segundo a delegada.
Segundo Milena, ela teve uma breve conversa com Cláudia ainda na madrugada, mas que ela não teve condições de falar muito. Entretanto, Cláudia descreveu Champignon como uma pessoa calma, mas disse que teve uma discussão com o marido no restaurante e não contou o motivo.
A conversa da delegada e Cláudia ocorreu antes dela passar por atendimento no Hospital Metropolitano. Grávida de 5 meses, ela passou por exames entre 2h32 e 6h50.
“Eu tive uma conversa muito breve com a mulher antes de ela entrar para a ultrassom. Ela não está em condições de falar, mas disse que eles tiveram uma discussão no restaurante. Ela o descreveu como uma pessoa calma”, afirmou a delegada. “A esposa foi muito clara: ela disse que ele não faz uso de drogas nem de medicamentos controlados. (...) As críticas artísticas estavam deixando ele incomodado. Ele demonstrava frustração”, disse.
O baixista tinha 35 anos e estava em seu segundo casamento. A Polícia Civil investiga se ele cometeu suicídio. Pouco depois de o casal chegar ao imóvel, vizinhos disseram ter ouvido barulho de tiro por volta de 0h30. A delegada Milena Suegama diz que foram feitos dois disparos.
O primeiro, no chão, para checar o funcionamento da pistola 380 e, depois, deu um tiro na cabeça. Policiais militares e uma equipe do Samu foram ao local e já encontraram Champignon morto. O corpo do baixista foi retirado do apartamento por funcionários do Instituto Médico-Legal (IML) pouco antes das 5h. O caso será registrado como suicídio no 89º Distrito Policial, em São Paulo.
Vizinho do casal, o corretor de imóveis Alexandre Benaion, de 40 anos, mora no mesmo andar e foi o primeiro a chegar para prestar socorro. "Eu ouvi um tiro, fui ver o que era e o rapaz já estava caído, cheio de sangue", disse. O corretor disse ter ficado surpreso com o suposto suicídio, porque o músico aparentava ser uma pessoa tranquila.
Segundo Benaion, a esposa de Champignon está gravida de 5 meses. Após o corpo ter sido achado, Cláudia foi levada para um hospital, em choque. "Ela estava abalada, gritando, não falou nada, só gritava", disse.
Cláudia passou por atendimento no Hospital Metropolitano entre 2h32 e 6h50. O centro médico informou que não vai divulgar detalhes, mas que a alta sinaliza que ela não teve complicações.
O casal morava no apartamento, localizado no 10º andar, há cerca de um ano e seis meses. O imóvel tem três quartos. O corpo foi achado no cômodo onde eram guardados equipamentos musicais e funcionava com um estúdio.
O síndico do prédio, Gino Castro, entregou para a polícia as imagens que mostram o músico e a mulher chegando ao prédio, pouco depois da meia-noite deste domingo. Segundo ele, o comportamento de Champignon era “normal, como de qualquer outro morador”. "Super tranquilos. Nunca tive nenhuma reclamação. Muito solidário com a molecada do condomínio", disse Castro.
Tiro no rosto
O sargento da Polícia Militar Ronaldo Moreira disse ter encontrado sinal de que apenas um tiro foi disparado. "Nós entramos (no apartamento) tinha uns vizinhos lá dentro, mostraram para a gente o quarto e verificamos o Champignon no chão. Muito sangue. Uma arma na mão dele e achamos uma cápsula da arma e um projétil", disse.
"Ela (mulher de Champignon) falou que eles tinham acabado de chegar do restaurante. Ele se fechou no quarto, ela escutou o estampido, o barulho do tiro, e depois foi pedir ajuda para o vizinho", contou o policial.
Segundo o sargento, a arma do crime é uma pistola calibre 380. Aos policiais que atenderam a ocorrência, Cláudia disse que o baixista tinha a pistola e outras duas armas. A perícia já esteve no apartamento e levou uma sacola preta com objetos. Segundo o SPTV, Champignon possuía o registro de uma pistola .380 e de uma espingarda calibre 12.
O delegado seccional Armando de Oliveira Costa Filho disse ao G1 que é "praticamente inafastável a tese de suicídio" do músico. O delegado disse que o caso vai continuar na delegacia da região, descartando inicialmente o envio do inquérito para setor especializado em assassinatos, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Na época da morte do vocalista do Charlie Brown Jr., coube ao DHPP as apurações, que apontaram que a morte de Chorão foi causada por overdose. No caso de Champignon, as evidências coletadas pela investigação apontam que o próprio músico teria segurado usado uma pistola 380 para atirar contra a cabeça.
Fonte: http://g1.globo.com/
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