Mortes em obra
Elevador instalado na fachada de condomínio despencou
Operários mortos após elevador despencar em prédio de luxo no Corredor da Vitória são tio e sobrinho; queda teve 15m
Adolescente trabalhava ilegalmente, porque legislação não permite menores atuem na construção civil. Caso ocorreu na manhã desta segunda-feira (18), em um dos principais bairros nobres da capital baiana
Os operários que morreram após o elevador em que eles estavam despencar de um prédio, na manhã desta segunda-feira (18), no Corredor da Vitória, bairro nobre de Salvador, são tio e sobrinho. A queda foi de uma altura de 15 metros.
As vítimas foram identificadas como Ronério Silva dos Santos, de 35 anos e Geovani Silva dos Santos, de 17 anos. Um outro homem, que não teve a identidade revelada, foi socorrido e levado para o Hospital Geral do Estado (HGE). Não há detalhes do estado de saúde dele.
O adolescente trabalhava ilegalmente, porque a legislação não permite menores de idade na área de construção. De acordo com o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho (MPT), Luís Carneiro, a empresa ou o condomínio podem ser responsabilizados pelo acidente.
"Na parte da construção civil e trabalhos em altura não é permitido o trabalho de menores de 18 anos. Se for constatado que realmente houve um exercício de labor por um menor, a empresa ou o próprio condomínio podem ser responsabilizados por esse acidente fatal", ponderou ele.
O elevador estava instalado na área externa da Mansão Carlos Costa Pinto, prédio de luxo, que possui 18 andares e um apartamento por andar. Segundo informações da delegada Carmen Dolores, da 14ª DT da Barra, as vítimas caíram do 5º andar.
"Está muito precoce para qualquer avaliação, vou aguardar o resultado da perícia. Fizemos as anotações de praxe, com nomes de pessoas que podem nos auxiliar para entender o que houve efetivamente, mas a perícia é o que nos dará um posicionamento mais seguro", disse a delegada.
O equipamento que despencou estava instalado para a realização de serviços no local. A equipe do G1 esteve no local. Nenhum funcionário ou representante da administração do edifício quis falar com a imprensa. Também não há detalhes do que causou a queda do elevador.
Representantes do Sindicato Trabalhadores da Construção Civil não conseguiram entrar no prédio depois do acidente. Segundo eles, geralmente é colocada uma placa de aviso de manutenção, reforma ou construção nos imóveis.
Parente das vítimas, Rogério Silva, disse que Ronério tem uma filha, que faz aniversário nesta segunda (18). "A filha fez aniversário hoje e ia comemorar no sábado [23]. Só Deus sabe como está o meu coração, mas ele está me dando forças para ser forte por eles [vítimas]", disse Rogério.
Equipes da Polícia Militar e do Samu estiveram no local. O Departamento de Polícia Técnica (DPT) foi acionado e, por volta das 14h30, os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML). O caso será investigado na 14ª Delegacia, que fica no bairro da Barra.
Em nota, o Ministério Público do Trabalho (MPT) informou que instaurou inquérito para apurar as responsabilidades sobre o acidente. Ainda segundo o órgão, os três operários que estavam no elevador quando o equipamento despencou estavam trabalhando sustentados por uma corda presa no terraço.
Conforme o MPT, não havia indicação clara de eles usavam os equipamentos de proteção individual e coletiva exigidos para este tipo de trabalho.
O MPT afirmou, ainda, que dois auditores do órgão estiveram no local logo após o acidente, e que o inquérito vai verificar a responsabilidade sobre a contratação do serviço e a adoção das medidas de saúde e segurança exigidas para tais atividades. O órgão e a Polícia Técnica tem 30 dias para divulgar o laudo.
De acordo com informações da Superintendência Regional do Trabalho (SRT-BA), foram registrados 94 acidentes de trabalho com mortes no estado, em 2017. Já no ano passado, 93 pessoas morreram, 15% no setor da construção civil.
Fonte: g1.globo.com