Acessibilidade nos condomínios já
Por Betty Karpat, diretora da GK Condomínios
No ano passado fui surpreendida com um uma simples virada no pé que acabou resultando em fratura. Após atendimento adequado, sai do hospital com a bota que substitui o gesso e um par de muletas, que utilizei por aproximadamente um mês. Como a vida continua, no dia seguinte já estava trabalhando e me adaptando ao fato de não poder dirigir e depender de outras pessoas para várias e outrora fáceis atividades, como ir ao supermercado entre outras.
Na época eu havia planejado uma viagem a Curitiba para visitar uma amiga, muito querida que se encontrava num momento delicado e não havia pé quebrado no mundo que me fizesse desistir. Meu marido, cheio de compromissos de trabalho, não conseguiria me acompanhar, então, decidi enfrentar sozinha o desafio.
Surpreendi-me com o fato dos aeroportos estarem capacitados para atender pessoas com necessidades especiais, pelo menos o de São Paulo e Curitiba. Cadeira de rodas, banheiros, pessoas treinadas para acompanhar. Atendimento realmente diferenciado das companhias aéreas e até um “ambulift” - veículo especial, que te coloca no piso da aeronave quando esta não dispõe de finger e sim de escadas para acesso ao avião. Dignidade para quem se encontra temporariamente ou permanentemente incapacitado.
Meu primeiro pensamento foi que todos têm o dever de facilitar a vida das pessoas nestas condições e qual seria minha contribuição? Bem, decidi que transformaria um dos banheiros de nossa empresa em um adaptado para pessoas com necessidades especiais. Depois de algumas reformas, tudo resolvido. Mas isto seria pouco, foi aí que um pensamento surgiu.
Trabalho há 36 anos na área de condomínios e sempre me incomodou ver que muitos condomínios não estão adaptados para receberem pessoas em condições especiais. Resolvi então que me empenharia para que houvesse mais conscientização por parte dos síndicos e condôminos para que as adaptações necessárias fossem aceitas e feitas com naturalidade, agilidade e consciência.
Segundo o Censo do IBGE de 2010 esta grande parcela da população brasileira atinge cerca de 25 milhões de pessoas e vale salientar que e a população de idosos cresce a cada ano, e alcançara em 2025 aproximadamente 33 milhões de pessoas, a grande maioria será portadora de restrições motoras, visuais e auditivas. Aumentando, portanto, o número de pessoas com necessidades especiais. Soma-se isto as pessoas temporariamente desabilitadas, decorrente de acidentes domésticos ou não, outras doenças e mães com bebês que usam carinho.
Os condomínios, independentemente das normas obrigatórias, deveriam colocar na pauta das assembleias a adaptação dos edifícios para receber pessoas com necessidades especiais. Medidas simples, como rampas de acesso ao prédio e à piscina, pisos antiderrapantes, portas de acesso mais amplas, cadeira de rodas nas portarias, capachos embutidos no piso, corrimãos, guias de balizamento, elevadores com barras, comunicação em braile, vagas especiais na garagem, tornariam a
vida de quem mora e frequenta o condomínio muito mais fácil, segura e digna.
Mesmo que no condomínio não haja ninguém nessas condições, devemos considerar os visitantes, bem como os próprios moradores, que envelhecem e podem sofrer com imprevistos. É de suma importância salientar que todas as medidas de adequação a serem tomadas deverão seguir os padrões técnicos testados e estabelecidos na Norma Técnica NBR 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
A adaptação dos condomínios aos padrões de acessibilidade é fundamental para que possamos exercer nosso papel de cidadãos responsáveis e comprometidos com o bem estar de todos. Sejamos solidários aos que hoje dependem destas medidas para facilitar o simples ir e vir para a própria casa ou para poder visitar seus filhos e netos, com facilidade e dignidade.
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