Ninho de andorinhas no DF
Aves invadem apartamentos e vira caso de polícia
Briga envolvendo ninho de andorinhas vira caso de polícia. Entenda
Depois de obra que as privou de acesso a ninhos, aves ficaram mais agressivas e passaram a invadir apartamentos em prédio na Asa Norte
Uma obra feita no pilotis do bloco J da quadra 415 da Asa Norte gerou discórdia entre moradores. Isso porque os espaços abertos no forro eram usados, há anos, como ninhos por dezenas de andorinhas. Após os buracos serem fechados, há duas semanas, as aves teriam ficado com comportamento agressivo, invadindo apartamentos e defecando nos carros.
“As aves entraram por esses buracos e fizeram ninhos no espaço. É como se o forro fosse um grande viveiro”, conta a moradora Leticiaà Nadini, 37 anos. Segundo ela, os animais estão lá há mais tempo do que ela própria, inquilina do condomínio há dois anos.
A retirada das andorinhas é uma demanda antiga dos moradores, conta Nadini, que pediram a atual síndica uma providência. Nadini é bióloga e mestranda em comportamento animal e teria alertado à administração a necessidade de um estudo ambiental antes de qualquer intervenção.
“Uma nova empresa foi contratada para cuidar do condomínio. Ela faz pequenos serviços e decidiu tapar os buracos por onde as andorinhas entram. Eu perguntei se eles checaram se havia ninhos e informaram que a pessoa que executava [a obra] enfiava a cabeça nos buracos para ver se as aves estavam, mas tem muitos buracos que não dá para enfiar a cabeça”, explica a moradora. Atualmente, praticamente todos os orifícios do forro do prédio foram fechados.
Transtornos
Finalizada a obra, começaram relatos de pequenos transtornos. Nadini afirma que já encontrou uma delas morta no estacionamento e, na última segunda-feira (16/8), precisou ajudar uma vizinha que teve a casa invadida por duas aves.
“Os moradores não são biólogos e não têm obrigação de saber lidar com a situação. Minha vizinha tentava espantar os animais com um rodo”, narra a mestranda.
“Minha vizinha ficou muito assustada, as andorinhas chegaram a arranhá-la. Estou espalhando ninhos na parte de fora do prédio, para ver se elas se adaptam”, conta Nadini. Além disso, segundo a bióloga, há excesso de excremento das aves nos carros que ficam estacionados ao lado do prédio, já que as aves agora ficam ao redor.
A moradora abriu um boletim de ocorrência na Polícia Ambiental e outra na ouvidoria do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), que lida com a vida silvestre na capital.
O Metrópoles tentou contato com a síndica do prédio pelas redes sociais, mas até a última atualização desta reportagem, não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestações futuras.
O Metrópoles tentou contato com a síndica do prédio pelas redes sociais, mas até a última atualização desta reportagem, não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestações futuras.
Além disso, segundo o Ibram, os ninhos são protegidos pela legislação ambiental brasileira.
“Sendo assim, para que seja caracterizada a urgência de sua remoção, mesmo que em ambiente urbano, é necessário protocolar um pedido no qual seja descrita com o máximo de informações possível para que a equipe técnica do Brasília Ambiental analise a situação”, diz o Ibram.
Os responsáveis pelas obras devem enviar informações, juntamente com endereço, coordenada geográfica, nome completo, e-mail, telefone e fotos do ninho (se possível com filhotes e pais). As informações deverão ser enviadas para o e-mail atendimento@ibram.df.gov.br solicitando autorização para remoção do ninho.
As informações podem ser encaminhadas também por um profissional habilitado cadastrado no site do Brasília Ambiental. “Caso sejam encontradas condições favoráveis à retirada do ninho, sem prejuízo da fauna, o Brasília Ambiental poderá autorizar o profissional contratado ou a Polícia Militar Ambiental, dependendo de sua disponibilidade, a realizar sua remoção”, afirma o Ibram.
“Serão avaliadas as condições do local escolhido para nidificação, se há a presença de ovos ou se os filhotes encontram-se na fase de transição para o voo e consequentemente o abandono do ninho, além de outros fatores importantes”, diz o órgão, que acrescenta a necessidade de não deixar outras espécies da fauna usarem o mesmo espaço.
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