Papel dos “condominialistas” como “formadores de opinião”
Fake news no mercado condominial existe? Especialista faz um alerta para o mau uso da comunicação e da tecnologia
Por Gabriel Karpat*
Não é de hoje que o segmento condominial tem atraído não só a atenção dos profissionais que nele atuam como também o ingresso de novos especialistas, originados de todos os setores, incluindo tanto acadêmicos quanto práticos.
Essa crescente migração profissional não é sem razão. Fontes específicas do setor, como a Base Software, revelam que, atualmente, há no Brasil mais de 400 mil condomínios e um ativo circulante mensal de mais de 5 bilhões de reais nesse universo condominial.
Contudo, sabemos que nem tudo são flores nesse tamanho e fantástico potencial do setor, e um dos pontos de alerta está relacionado ao fator comunicação.
Se por um lado, a divulgação de matérias e notícias ligadas ao mundo condominial é importante e reforça o interesse no segmento (especialmente pela rápida migração para as grandes cidades e seus entornos nas últimas décadas, com a consequente verticalização das cidades), por outro lado, interesses mercantis com bens e serviços aliada à falta de pesquisas confiáveis ou fontes checadas trazem ao público informações sem qualquer fundamento, o que muitas vezes podem iludir quem necessita justamente de bons dados para com ele se fundamentar.
O alerta serve para demonstrar que ainda há um longo caminho a percorrer. Todos, operadores da área condominial, devem buscar não o consenso, mas o comprometimento e o cuidado com a propagação de conteúdos inexatos.
Afinal, é preciso entender a responsabilidade de se expressar e de se expor. A difusão de informações através dos meios de comunicação é absolutamente incontrolável.
É obrigatório que cada autor de cada informação ou dado tenha comprometimento total com a ética e com a veracidade. Competência e ética não são valores excludentes. Ao contrário, são complementários.
Nesse sentido, cabe citar um dos maiores pensadores contemporâneos, Charles Handy, filósofo irlandês especializado em gestão e comportamento organizacional. Entre suas obras, está o “The Second Curve” (Tradução: “A Segunda Curva”).
Nessa narrativa, destaca-se a visão de que enquanto a primeira curva esta em ascensão, no topo, vai surgindo a segunda curva, quase que de modo imperceptível, silenciosamente superando a “corrente tradicional”, vigente.
A obra do filósofo irlandês serve de alerta para todos os profissionais de todas as áreas, inclusive a condominial. Devemos ficar atentos, pois este segmento também haverá a ação disruptiva. Não só os criadores de conteúdo, mas todos do âmbito condominial se modificarão com a veloz e necessária profissionalização do setor.
Nesse mundo em que a tecnologia possibilitou a criação e disseminação instantânea de informações, temos inúmeros exemplos do mau uso dessa comunicação.
Nós precisamos ficar atentos e vigilantes com o nosso segmento, conhecendo e atendendo efetivamente o que ele necessita. É preciso que cada um de nós se veja como influenciador e assuma sua verdadeira função. Antes que a segunda curva nos engula.
A facilidade da difusão das matérias por meios digitais não reduz o comprometimento acima mencionado.
Cada vez mais, os que habitam esses centros necessitarão de informações precisas para orientar-se. A facilidade com os sistemas amplia a visibilidade, mas, lembre-se: computador não toma decisão, quem toma decisão é gente!
(*) Gabriel Karpat é diretor da GK Administração de Bens e coordenador do curso de síndicos profissionais da Gabor RH autor do livro Condomínios Gestão 360 Graus (Ed.Leud) – diretoria@gk.com.br.