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Condomínios não são os responsáveis pelo aumento de trânsito

quinta-feira, 26 de junho de 2014
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Não se paga IPVA de um apartamento

As cidades precisam encontrar qual o mix ideal para seu modal de transporte adequado considerando seu tamanho, seu potencial de crescimento, sua capacidade de investimento, sua topografia e ocupação de seu território
 
Por vezes, ouvimos ou lemos que o aumento dos condomínios ou novos loteamentos têm trazido para as cidades congestionamentos ou têm causado maiores problemas de mobilidade, o que discordo totalmente. 
 
O papel da indústria imobiliária, entre outros, é atender uma demanda e fornecer ao mercado moradias para que as pessoas possam ter opções no momento da aquisição da casa própria, seja através de condomínios de casas, de apartamentos ou de loteamentos. 
 
O aumento da renda da população, somada a uma política, em nível federal, equivocada de incentivo ao transporte individualizado é que tem trazido consequências desastrosas para as nossas cidades, como: 
 
- a isenção de impostos para aquisição dos carros; 
 
- os incentivos para implantação de mais de uma dezena de novas plantas de montadoras nacionais e estrangeiras; 
 
- o subsídio ao combustível; 
 
- o incentivo ao financiamento para aquisição, entre outras ações, fizeram com que a frota em nossa cidade que em 2005 era de 200.915 veículos mais que dobrasse em 8 anos. De acordo com o site do Denatran fechamos o ano de 2013 com 406.944 veículos em Sorocaba. 
 
Enquanto, nossa população cresce menos de 2% a.a., o número de domicílios cresce 3% a.a., o de veículos cresceu mais de 9% nos últimos oito anos. 
 
O problema passa a ser de física, onde aprendemos que dois corpos não ocupam o mesmo espaço ao mesmo tempo, ao continuar neste ritmo e com a política equivocada as cidades vão travar, e não adiantará a abertura de mais ruas ou avenidas. Precisamos mudar a concepção do transporte e da mobilidade. 
 
As cidades precisam encontrar qual o mix ideal para seu modal de transporte adequado considerando seu tamanho, seu potencial de crescimento, sua capacidade de investimento, sua topografia e ocupação de seu território. 
 
As ciclovias, por exemplo, podem ser soluções de transporte para cidades litorâneas e para cidades planas como Brasília. Não acredito que sejam para a nossa, embora tenhamos uma das maiores redes de ciclovias do país, não vão minimizar o problema de mobilidade. Até mesmo porque, ao contrário de cidades europeias e americanas, que realmente possuem ciclovias, nós simplesmente pintamos calçadas, canteiros centrais de avenidas, impermeabilizamos a margem do rio e chamamos de ciclovia. 
 
Buscando implantar o BRT, como nossa prefeitura está fazendo, e com uso da rede férrea já existente proposto pelo plano de mobilidade apresentado, podemos estar no caminho certo, mas é só o que podemos fazer por enquanto, pois estes projetos em nossa legislação de licitação e algumas vezes de licenciamento levam anos para virar realidade. 
 
Acredito que existam alternativas e ações que minimizariam os problemas de nosso dia a dia: 
 
- precisamos criar e manter sincronizada a linha verde em várias de nossas avenidas; 
 
- inversão de faixa nos momentos de pico onde os deslocamentos são feitos bairro-centro e centro-bairro em momentos diferentes do dia, principalmente nas grandes avenidas de acesso ao norte e oeste de nossa cidade; 
 
- treinar nossos amarelinhos, para realmente ajudarem na fluidez do trânsito e coibirem através de uma fiscalização eficiente a desobediência ao estacionamento proibido e fechamento dos cruzamentos além de removerem rapidamente veículos envolvidos em acidentes; 
 
- o planejamento através do plano diretor é fundamental para também minimizar os deslocamentos nas cidades, mas já falamos e certamente falaremos novamente sobre o tema em outros artigos. 
 
Claro, que de nada adianta qualquer tipo de ação enquanto houver o incentivo pelo governo federal para a aquisição de veículos particulares e não se privilegiar o transporte coletivo. 
 
Mas certamente o responsável pelo trânsito não é o imóvel e sim o aumento absurdo dos veículos em nossas cidades, pois não se paga IPVA de um apartamento, não se troca os pneus de uma casa e tampouco se estaciona um terreno. 
 
Flávio Amary é vice-presidente do Interior do Sindicato da Habitação (Secovi-SP) e escreve às quartas-feiras neste espaço

Fonte: http://www.cruzeirodosul.inf.br/

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