Maus hábitos e imprudência janela abaixo
Prédios têm dificuldade para identificar responsáveis por quedas de objetos e lixo, que podem vitimar residentes e causar danos materiais
Gustavo Coltri
Com pouco mais de três centímetros, uma bituca de cigarro jogada ao vento quase foi suficiente para iniciar um incêndio no condomínio em que Sueli Raineri Leitão é síndica. "Na varanda de um apartamento, havia um saco plástico que pegou fogo. Por sorte, havia uma pessoa lá", conta a moradora de 49 anos, que cuida de 210 unidades no bairro do Butantã, na zona oeste.
Na última segunda, um comunicado colocado nos elevadores avisou os outros residentes sobre o episódio e reafirmou a 28ª regra da convenção condominial: "É vedado lançar papéis, pontas de cigarro, fragmentos de lixo, líquidos e quaisquer objetos pelas janelas, terraços e outras aberturas para a via pública ou áreas comuns do edifício". O documento alertou para a execução de penalidades aos responsáveis, que incluem a aplicação de multa. O autor do lançamento não foi identificado.
De acordo com a síndica, o problema é mais comum em um dos lados do condomínio, voltado a uma área de manancial preservada pela Prefeitura.
"Já chegaram a jogar uma lata de tinta pela janela. Algumas pessoas acham que não há ninguém olhando e atiram qualquer coisa", explica.
A falta de educação e o descuido são os principais responsáveis pela ocorrência desse tipo de ação, na opinião do diretor de atendimento da administradora Itambé, Rene Vavassori. Na última terça-feira, a empresa registrou a queda de uma panela de pressão em um dos edifícios de sua cartela de clientes.
"Algumas pessoas nunca viveram em prédios e não sabem lidar com a situação", especula o executivo, para quem o problema é mais comum em conjuntos habitacionais populares.
Para o diretor de condomínios da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios (Aabic), Omar Anauate, o maior problema é identificar os autores: "Por isso, a orientação é que, a cada episódio, seja divulgada uma circular". Vavassori lembra também que, embora gerais, campanhas com moradores são formas de atingir os infratores.
Além da constante orientação para evitar acidentes, Anauate ressalta a importância de registrar a proibição na convenção condominial. "Se alguma coisa acontece, como quando um vaso atinge um carro de um morador, a pessoa prejudicada pode querer processar o condomínio", alerta o especialista.
Fonte: http://economia.estadao.com.br
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