Poços artesianos
Uso indiscriminado reduz nível de água em reservatórios o Recife
Perfuração de poços artesianos reduz água em reservatórios subterrâneos
Multiplicação de poços compromete os mananciais subterrâneos.Desde 2003, está proibida a perfuração de poços em Boa Viagem. Abrir poços artesianos para enfrentar a crise no abastecimento de água em São Paulo pode ser uma solução momentânea, mas agrava o problema a médio prazo, dizem os especialistas. Foi exatamente isso que aconteceu na região metropolitana do Recife, onde a perfuração indiscriminada de poços reduziu drasticamente a quantidade de água nos reservatórios subterrâneos. Um estudo recente comprovou que a água de alguns deles está contaminada.
No final dos anos 90, a região metropolitana do Recife enfrentou a maior crise no abastecimento de água. A população apelou para a perfuração desenfreada de poços e as consequências são sentidas até hoje. Treze mil poços clandestinos ficaram de herança daqueles tempos. Mais do que o dobro dos seis mil poços autorizados. O descontrole foi tão grande que alguns poços salinizaram. Outros secaram.
Em um prédio de 25 andares, não sai mais água do poço de 90 metros de profundidade. Um novo poço, 50 metros mais fundo, foi perfurado. E tem sido assim em vários bairros. “Hoje as perfurações giram em torno de 120, 140 metros. Mais embaixo e menos quantidade”, explica o geólogo Antônio Freitas.
A multiplicação de poços comprometeu os mananciais subterrâneos, que baixaram de forma alarmante. No bairro de Boa Viagem, um dos mais nobres do Recife, nos últimos cinco anos, o rebaixamento do aquífero chegou a 40 metros. Desde 2003, está proibida a perfuração de poços no bairro. A vazão passou a ser controlada.
O problema nem sempre está na quantidade, mas na qualidade da água. Análises feitas em um laboratório de engenharia química da Universidade Federal de Pernambuco constataram a contaminação da água por altos níveis de manganês e ferro em oito dos onze condomínios pesquisados.
A quantidade de manganês foi oito vezes superior ao nível recomendável para o consumo humano pelo Ministério da Saúde. A de ferro, 14 vezes maior.
"Tem que analisar a água, porque se não analisar a água você pode consumir uma água que vai causar mal à sua saúde. Você não sabe como está o subsolo perto da sua casa, se já teve alguma indústria no local que deixou alguma contaminação. Então é fundamental analisar a água", fala o professor da UFPE Maurício Mota. Na região metropolitana do Recife, 1.200 condomínios utilizam exclusivamente a água dos poços para o abastecimento. Segundo a Agência Pernambucana de Águas e Clima, 40% dos condomínios e empresas com poços retiram água acima do limite permitido por lei.
Fonte: http://g1.globo.com/