Polícia no condomínio
Síndico quer chamar PM para coibir uso de drogas
Aviso em prédio no Catete ameaça chamar polícia contra 'vagabundos' que usam drogas
Aviso em prédio contra drogas
Em um aviso deixado no elevador de seu prédio, o síndico de um edifício no Catete, na Zona Sul do Rio, anunciou "tolerância zero" para os "vagabundos" que façam uso de drogas nas áreas comuns do condomínio ou mesmo dentro de seus imóveis. No alerta, ele diz que o prédio sempre foi endereço de "famílias decentes e honradas" e informa que vai chamar a polícia se os moradores insistirem em consumir entorpecentes.
— Estavam reclamando muito do cheiro, e aqui sempre foi um ambiente familiar. Tem muita gente de idade, é um prédio antigo. Se eu não tomasse uma atitude, diriam que eu fui omisso, conivente. As pessoas acham que têm o direito de fazer o que quiserem, sem se preocupar se estão incomodando os outros. Mas tem um limite — disse ao GLOBO o síndico, que colou o aviso em meados do mês de março.
No comunicado, o síndico ressalta que os "vagabundos envolvidos" já estavam identificados e que, em caso de novas reclamações, a polícia seria chamada. Cairia sobre estes usuários, segundo o documento, "o peso da lei".
"Eu, na posição de síndico, informo que não será mais tolerado, de qualquer forma, o uso de entorpecentes neste condomínio. Condomínio que sempre foi o lugar para famílias decentes e honradas. Esse aviso é direcionado tanto aos que fazem uso nas áreas comuns, quanto aos que fazem uso dentro dos apartamentos. São conhecidos os principais 'vagabundos' envolvidos. Caso persistam em fazer uso de drogas dentro deste condomínio, será acionada a força policial e cairá sobre esses 'vagabundos' o peso da lei. Aqui, esse negócio de 'Legalize já' é o cacete", lê-se no comunicado.
QUEIXAS PARARAM, DIZ SÍNDICO
O autor do texto mora no prédio desde que nasceu, há 47 anos. Ele é síndico do condomínio há cerca de 11 anos. Ao GLOBO, ele conta que começou a receber queixas sobre o uso de drogas no edifício no início de março e que colou o aviso, no dia 13 do mesmo mês, com o objetivo de "dar um susto". Uma semana depois, porém, o administrador elaborou um novo aviso, mais brando, e substituiu o primeiro.
— Aquele foi só para assustar mesmo. Esse novo não fala mais em polícia. É mais para botar a mão na consciência. Que pelo menos respeitem a gente aqui dentro dos nossos lares. Já não podemos ir para a rua por conta da violência, agora vamos ser incomodados nas próprias casas?
Segundo o síndico, o comunicado foi necessário para evitar confusão no prédio. Os moradores que reclamaram chegaram a ele "muito nervosos" e poderiam tentar resolver a questão por conta própria. Ainda assim, ninguém tinha certeza sobre a identidade dos usuários das drogas, o que poderia gerar conflito e acabar em polícia de todo jeito.
— Como a gente não pode botar o dedo na cara sem prova, fiz uma coisa geral. Para quem a carapuça servir se tocar e ver que está incomodando. Podia acabar em confusão, a polícia vir. Para evitar, botei um recado para dar um susto. Vou deixar o novo por um tempo. O pessoal acabou perdendo o respeito. Mas agora parou (de ter reclamação) — ressaltou o administrador.
Fonte: extra.globo.com