Prédios 'com história' estão abandonados em São Luís
Hoje símbolos do esquecimento, eles já abrigaram a Oleama, o Sioge, a Assembleia Legislativa e o Hotel Ribamar
POR OSWALDO VIVIANI e SAMANTHA FERNANDES
Eles já foram pontos de referência importantes no centro de São Luís. Viveram o auge e hoje são emblemas da decadência do Centro Histórico de São Luís. Abandonados, muitos prédios que um dia fizeram parte do cotidiano dos ludovicences hoje servem de abrigo para marginais e viciados em drogas. São exemplos disso os prédios que já abrigaram a Oleama (Oleaginosas Maranhense S/A), na Rua da Estrela (perto do Convento das Mercês), e o Sioge (Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado), na Rua Antonio Rayol (próximo ao Mercado Central). Também se deterioram no tempo o edifício da Rua do Egito que sediou, por muitos anos, a Assembleia Legislativa do Maranhão, e o casarão da Praça João Lisboa que abrigava o Hotel Ribamar.
O prédio onde funcionava a Oleama está abandonado desde dezembro de 1975, ano em que a empresa – fabricante de óleo de babaçu – se mudou para a BR-135 (perto do Maracanã). A fábrica – fundada em 14/12/1961 – diversificou seus produtos, e hoje, além do óleo, também produz amaciantes, desinfetantes e sabões.
Várias sugestões já surgiram para aproveitamento do antigo prédio da Oleama, entre elas a instalação ali da nova Câmara de Vereadores e a transformação do espaço num centro cultural.
A primeira ideia não vingou. O presidente da Câmara, Isaías Pereirinha, decidiu imitar os deputados estaduais e defender a construção de um novo prédio para ser sede do Legislativo Municipal, fora do Centro Histórico.
Quanto à transformação do prédio em centro cultural, pelo menos o dinheiro para a realização do projeto já existe. Convênios assinados entre a governadora Roseana Sarney (PMDB) e o ministro do Turismo, Pedro Novais, em março passado, preveem recursos de R$ 311 mil, por meio do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), para a reabilitação do espaço que já foi da Oleama.
Outro prédio que transpira história, abandonado no centro de São Luís desde 1975 – quando foi desativado pelo governo Roseana Sarney –, é o que abrigava o Sioge (Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado).
Várias propostas, também nesse caso, já surgiram para aproveitamento do espaço. Em 2008, chegou a ser feito um projeto, pela Marques Consultoria e Projetos, para restaurar o prédio do Sioge e transformá-lo em Mercado Público Municipal. O projeto ficou no papel, assim como a ideia, surgida anos antes, em 2004, de instalar no local uma escola de ensino médio. Foram pagos R$ 2 milhões a uma empreiteira, mas verificou-se que a readequação era mais complicada do que parecia e a obra ficou incompleta – apenas 30% dos serviços foram realizados.
Monumento ao abandono, o Sioge atualmente serve de moradia para desocupados em geral.
“É um absurdo um prédio tão grande e de tanto valor histórico para o Maranhão estar abandonado, sendo habitado por marginais, que além de utilizarem o local para o consumo de drogas, estão retirando o cobre que reveste a cobertura do prédio para vender”, disse o frentista Luís Henrique Mota, que trabalha na área do Mercado Central.
Além dos antigos prédios da Oleama e do Sioge, o edifício onde funcionava a Assembleia Legislativa do Maranhão, na Rua do Egito, também está praticamente desativado desde novembro de 2008, quando a nova sede da AL foi inaugurada no Cohafuma.
O Solar dos Belfort (Praça João Lisboa, esquina com o Beco da Pacotilha), onde até a década de 90 funcionou o conceituado Hotel Ribamar, igualmente vive no abandono. O casarão, de dois pavimentos, foi erguido em 1756, pelo rico pecuarista Lourenço Belfort. Neste prédio, além do hotel, havia a Fonte Maravilhosa, um estabelecimento muito conhecido na cidade por seu “suco de pega pinto”, beberagem indicada para problemas renais. “Desde que o hotel perdeu sua clientela de elite, foi ficando esquecido”, contou Maria Carvalho, 65, que trabalha na farmácia que funciona no prédio desde 1972.
‘Hoje, o Sioge serve de abrigo para os usuários de drogas’
“Ainda lembro quando o Sioge funcionava, nas décadas de 60, 70. O movimento aqui na porta era grande. Cheio de figuras importantes. Eu trabalhava de vendedor na Distribuidora Norte, na Rua da Estrela. Às vezes, vinha até aqui e tirava umas cópias para a indústria que eu trabalhava. Tempos bons, em que todos podiam andar pelas ruas do Centro sem se preocupar com marginais. Hoje, o Sioge serve de abrigo para os usuários de drogas. Se você entrar aí agora, vai ver rapazes fumando e cheirando.”
Fonte: http://www.jornalpequeno.com.br
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