por Alexandre Furlan(*)
Nestes anos trabalhando com gestão de resíduos em condomínios, percebo alguns gargalos para implementação da coleta seletiva e gostaria de dividir com vocês. A maioria dos síndicos até hoje não acreditam na viabilidade do projeto, com discursos como “No meu prédio eu tenho certeza que não irá funcionar”. Por que será que não irá funcionar? Tenho certeza absoluta que com planejamento, comunicação e treinamento o projeto irá ser efetivo.
Falta de planejamento
Para que um projeto de coleta seletiva seja um sucesso, o primeiro passo é fazer um bom planejamento como qualquer outro projeto. O material reciclável, em sua maioria, tem seu volume 10 vezes maior que o peso, portanto, é necessário um espaço para armazenar.
Em média, um apartamento com duas pessoas, produz um saco de 100 litros por semana de recicláveis, e uma família de 4 pessoas, 200 litros. Com esses dados, você precisa ter certeza de quem irá coletar, e quantas vezes por semana.
Ex: Um prédio com 50 apartamentos com perfil de 2 pessoas por apartamento terá o volume médio semanal de recicláveis de 5.000 litros. No condomínio há um depósito para armazenamento de 3.000 litros.
No caso, o condomínio tem 2.500 litros que não conseguiria armazenar. Como solução, é necessário comprar dois contêineres de 1.000 litros, e se mesmo assim, não tiver espaço onde coloca-los, o prédio precisa de pelo menos duas coletas por semana para não criar acúmulo de recicláveis.
A coleta ainda é o grande impasse para a reciclagem conseguir deslanchar no Brasil. Na cidade de São Paulo são coletados diariamente pela prefeitura 17 mil toneladas de lixo, sendo que somente 2% serão destinados para a reciclagem. Portanto, é melhor não depender da prefeitura. Contrate uma empresa qualificada ou uma cooperativa para retirada.
Esqueça a ideia do passado, que os recicláveis irão gerar renda ao seu condomínio. Continuar batendo nessa tecla pode ser um fator que impeça a realização do projeto em seu condomínio.
(*) Alexandre Furlan Braz, graduado em bacharelado em Gestão ambiental pelo Centro Universitário Senac em 2009; Pós-Graduado pela faculdade ESPM em Gestão de projetos e liderança de equipes em 2012; Master em conforto ambiental pela ong ANAB em 2010. Em 2009 fundou o Instituto Muda, empresa esta, que trabalha com gestão de resíduos em condomínios da cidade de São Paulo. Já ganhou 3 premiações internacionais e 2 nacionais e teve como resultados: a implementação da metodologia em diversos condomínios; conscientização e treinamento de mais 10.000 famílias, 30.000 pessoas; reciclagem de mais de 2.500 toneladas de material reciclável; geração de renda total de R$ 750.000,00 à 6 cooperativas de reciclagem da cidade de São Paulo beneficiando diretamente cerca de 100 famílias de cooperados e indiretamente, 400 pessoas. É colunista mensal no SíndicoNet
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