Proteção a capivaras
Moradores contra abate de animais em área condominial
Condomíno de Itatiba tenta salvar capivaras
Moradores e representantes da Organização Não-Governamental (ONG) União Protetora dos Animais tentam impedir o abate de 50 capivaras do Condomínio Ville de Chamonix, em Itatiba. O manejo foi autorizado pela Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais, da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (SMA), no início deste mês, após um morador morrer por febre maculosa e a Superintendência de Controle de Edemias (Sucen) considerar o local como área de risco para transmissão da doença.
De acordo com o documento, datado de 6 de maio deste ano, a eutanásia tem que ser executada até 7 de março do ano que vem.
“Matar ou retirar as capivaras do local não é a solução. Só piora a situação. O certo é esterilizar as capivaras, uma vez que são animais que demarcam o território e não deixam outras entrarem. Uma vez esterilizadas, não serão mais hospedeiras do carrapato estrela”, disse o presidente da ONG, César Rocha.
Para reverter o abate, o movimento precisa convocar uma nova assembleia geral do condomínio e também apresentar uma solução judicialmente legal. Rocha garante que o grupo tem defesa e proposta concreta a apresentar, mas precisa de uma assembleia.
Pelo estatuto do condomínio, para convocar a assembleia é necessário um abaixo-assinado com 128 assinaturas validadas, ou seja, de proprietários que estão com a situação regular com o condomínio. Segundo a pensionista Cleusa Cerazza, que faz parte do movimento contrário ao abate, até ontem, ao menos 111 moradores tinham aderido à iniciativa. “Estamos fazendo diversos trabalhos no condomínio e gostaríamos que outros moradores também entendessem que não é preciso tirar as capivaras daqui”, disse Cleusa.
Augusto acredita que a situação até pode ser revertida, no entanto, os ativistas devem agir rápidos, já que a empresa ambiental contratada para fazer o procedimento já começou a captura dos roedores.
“A empresa já colocou ceva, que nada mais é a cana-de-açúcar para atrair as capivaras e levá-las para as armadilhas, onde ficarão presas para depois ser realizada a eutanásia”, disse o síndico.
O movimento para reverter o abate das capivaras começou no final do ano passado, após alguns moradores entenderem que a palavra “manejo” citada pela SMA no ofício enviado ao condomínio significava o gerenciamento dos animais, inclusive com abate. No documento, a Pasta apresentou duas alternativas: o abate parcial com a confinação do restante das capivaras em uma área com lago espelhado, ou o abate total. As sugestões foram levadas à votação, em uma assembleia realizada em julho.
Na época, segundo o síndico, o evento contou com a participação de 34 proprietários de imóveis e outros 22 representantes autorizados e todos votaram a favor do abate. O condomínio conta com 508 lotes e 480 famílias – sendo uma pequena parcela de veraneio.
O empreendimento é cercado, e está localizado em uma área verde, que conta com seis lagoas, por onde as capivaras circulam. O local sugerido para confinar os roedores seria um lago, onde está a Estação de Tratamento de Água do condomínio.
“O abate não é uma decisão do condomínio e os órgãos oficiais descartaram a confinação por conta da estação”, disse Augusto.
O risco de contaminação de febre maculosa pelo carrapato estrela começou a ser avaliado pelos órgãos estaduais no ano passado, após a confirmação da doença na morte de um morador. Na época, foi solicitado um levantamento da população de capivaras no local e o empreendimento contratou uma empresa ambiental que catalogou ao menos 50 animais, inclusive com filhotes.
“Eu sou contra o abate. As capivaras não me incomodam. Eu moro no local desde 2007 e as acho até bonitinhas”, disse Cleusa. “Na época da assembleia, foi dito que seria feito o manejo das capivaras e a gente entendeu que era tirá-las de um local para o outro e não matá-las”, comentou.
Fonte: http://correio.rac.com.br