Edifício Copan
Saiba quanto custa morar no maior residencial da América Latina
Quanto custa morar no Copan?
Um dos edifícios mais famosos do Brasil abriga mais de 5 mil moradores nos 1160 apartamentos existentes, segundo o censo 2022 do IBGE
Um dos ícones da arquitetura paulistana, o edifício Copan, projetado por Oscar Niemeyer na região central de São Paulo nos anos 1950, atrai pessoas de todos os tipos - segundo o censo 2022 do IBGE, são mais de 5 mil moradores nos 1160 apartamentos existentes - número que supera as unidades habitacionais de 254 municípios do país. Mas, afinal, quanto custa morar no Copan?
Casa Vogue conversou com Affonso Celso Prazeres, síndico do edifício há 30 anos, e com Fernanda Prada, moradora do local há mais de 10 anos e corretora da imobiliária Refúgios Urbanos, especializada na região do Copan, para saber quais tipos de apartamentos estão disponíveis e o valor que é necessário desembolsar para viver lá.
Ela fala do tamanho e a configuração dos imóveis. "Os apartamentos do Copan variam de 23 m² a 174 m² (tipo), podendo ter junções de duas unidades grandes chegando a 345 m² de área útil. Ao todo são seis blocos, todos com portaria 24 horas, acesso exclusivo ao bloco e tamanhos e perfis diferentes de moradia: no Bloco A são duas unidades por andar, com média 90 m²; no bloco B, 20 unidades por andar, de 27 m² até 42 m², sendo Studios e/ou 1 dormitório); no bloco C há duas unidades de 143 m² e 147 m² por andar; no bloco D, duas unidades por andar, variando de 171 m² e 174m²; no bloco E são seis unidades entre 30 m² e 37 m² por andar e, no bloco F, cinco unidades de 23 m² até 68 m² por andar".
O síndico Affonso Prazeres revela os valores que quem pretende morar lá precisa desembolsar. "Os menores apartamentos custam a partir de R$ 480 mil, e o maior chega a R$ 1,6 milhão. Para alugar, normalmente é a partir de R$ 1500. E a procura é grande, não fica uma semana vazio", garante ele. Já o condomínio varia de acordo com o tipo da unidade. "São 19 tipologias diferentes, então existem 19 taxas distintas, que vão de R$ 200 e pouco a R$ 1800 por mês".
Em sites de imobiliárias, no entanto, é possível encontrar anúncios por mais que o dobro do valor citado pelo síndico: R$ 3,6 milhões. Fernanda explica que os fatores que afetam o preço final.
"Podemos dizer que encontramos unidades de R$ 10 mil até R$ 16mil/m², dependendo do tamanho do imóvel, se está em andar muito alto, se oferece vista ou se passou por algum tipo reforma".
Pedro Capetti, especialista em dados do QuintoAndar, diz que atualmente na plataforma há 6 imóveis que variam de 41 m² a 184 m² disponíveis no Copan para locação, com preços que vão de R$ 1.750 a R$ 12 mil.
"Na comparação com a média da cidade, os imóveis no Copan alugam 35% mais rápido. Mais da metade dos imóveis no prédio são alugados em até 3 semanas e sem desconto, ou seja, com o preço que o proprietário solicitou. 80% dos inquilinos que fecham negócio afirmam, no momento da proposta, que pretendem morar sozinhos no prédio e 28% que fecham contrato afirmam possuir um cachorro", detalha Capetti.
A corretora detalha o perfil de moradores. "Nos blocos B, E, F, são solteiros jovens ou mesmo idosos, casais de diferentes idades. Os apartamentos mais amplos são ocupados por casais com ou sem filhos. Há muitos arquitetos e pessoas ligadas a economia criativa. Também encontramos muitas famílias onde vários membros, como mãe, filha, avós, tios e irmãos, moram no edifício, muitas vezes em blocos diferentes. A grande maioria dos proprietários das lojas (da galeria de serviços que fica no térreo) também são moradores. E alguns funcionários moram no Copan".
O síndico, que reside no local há 50 anos, acompanhou a mudança no perfil. "Aqui tem toda a estratificação da sociedade. No meu tempo eram estudantes, e as pessoas tinham um certo medo, pois a frequência não era da mais adequada, havia prostituição e uso de drogas. A partir de 1994 conseguimos resolver isso, e hoje há muitos arquitetos, porque o Copan virou um ícone".
Apesar do tamanho, o acesso é bastante organizado, diz a corretora. "É como se fossem seis prédios distintos, o morador é cadastrado na administração do condomínio e só tem autorização de acesso ao bloco onde mora. Os únicos pontos de ligação entre eles são os dois subsolos de garagem e a cobertura, ambas com monitoramento e acesso restrito".
As reclamações que Prazeres recebe são as comuns de qualquer síndico, principalmente relacionadas a barulhos. Com tanto tempo no local, ele desenvolveu uma forma de reconhecer tantos moradores. "Por um monitor eu olho o prédio todo, sei identificar as pessoas pelo gestual. 80% deles eu conheço".
Ao contrário de muitos edifícios, as vagas de estacionamento não são um problema por lá, garante Fernanda. "Nas regiões centrais, a grande maioria dos moradores acaba abrindo mão de ter seu próprio carro e optando por locar um veículo quando necessário e/ou usar transporte público e carros de aplicativos ou táxis. O condomínio possui vagas para locação e é bem fácil locar, ainda que o imóvel não tenha vaga. Existem unidades pequenas com vaga e unidades grandes sem vaga, não é uma condicionante dos apartamentos maiores".
Para o futuro, o edifício - que completa 60 anos de sua inauguração em 2026 - passará por melhorias, conta o síndico. "Começamos o restauro da parte do fundo, e em 2025 devemos mexer na parte frontal do prédio".
Fonte: https://casavogue.globo.com/casa-vogue-estate/noticia/2023/07/quanto-custa-morar-no-copan.ghtml