Queda do quarto andar
Criança em estado grave; tela de proteção estava cortada
Mãe de menina que caiu do 4º andar de prédio diz que filha tem medo de altura
Madrasta relatou à polícia que a criança teria cortado a rede sozinha com uma tesoura. Vítima, de 8 anos, foi socorrida com fraturas e segue internada em Sorocaba
A mãe da menina de 8 anos que caiu do 4º andar de um prédio, no Parque Três Meninos, em Sorocaba (SP), na madrugada desta quinta-feira (7), não acredita que a filha tenha cortado a tela de proteção da sacada do apartamento com uma tesoura sozinha.
Em entrevista à TV TEM, ela contou que a criança não costuma acordar de madrugada e tem receio de lugares altos. A queda foi de uma altura de cerca de 15 metros, no estacionamento do prédio.
A garota foi resgatada com fraturas em membros inferiores e trauma no crânio, e segue internada em estado grave no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS). Ela sofreu fraturas no fêmur e no tornozelo, e está sedada na UTI pediátrica.
"A minha filha tem medo de altura. Só peço para Deus para ter minha filha de volta", disse a mãe.
A menina, o pai e a madrasta moram no condomínio localizado na zona leste da cidade desde novembro do ano passado. A mãe mora na capital e acompanha a internação no Hospital Regional de Sorocaba.
O caso é investigado pelo 2º Distrito Policial de Sorocaba. Os policiais ainda não sabem dizer se a menina cortou a tela de proteção e pulou pela janela ou se foi empurrada por alguém.
Câmeras de segurança
Câmeras de segurança do condomínio registraram o desespero da madrasta logo após encontrar a enteada caída no chão.
No vídeo é possível ver o momento em que a mulher e o pai da menina descem pelo elevador, por volta das 4h. À polícia, a madrasta disse que neste horário havia ido levar o marido ao trabalho, como de costume, e a enteada ficou sozinha no apartamento durante cerca de 20 minutos.
Segundo o porteiro do prédio, esta rotina se repete toda madrugada desde que a família se mudou para o prédio, há dois meses.
Em seguida, o casal entra tranquilamente no elevador, conversa e o homem até toma um iogurte durante o trajeto. Na imagem seguinte, por volta das 4h30, a madrasta retorna visivelmente desesperada e entra no elevador falando ao celular, leva uma das mãos à cabeça e parece chorar.
De acordo com a Polícia Militar, neste momento, a menina já havia sido resgatada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levada ao hospital.
A madrasta disse que saiu levar o marido ao trabalho e, quando retornou, cerca de 10 minutos depois, a menina estava caída do lado de fora do prédio chorando e pedindo socorro.
Pouco tempo depois, as imagens do elevador mostram o momento em que a madrasta desce acompanhada de um policial militar, o síndico do condomínio e mais uma mulher. Os relógios das câmeras de segurança não marcam os horários corretos.
As câmeras de segurança também registraram o momento em que o pai da menina, que é motorista, encosta o ônibus e chega correndo na portaria.
Ainda segundo o relato da madrasta, a própria criança teria cortado a tela de proteção com uma tesoura. Ela foi conduzida ao plantão policial para prestar esclarecimento sobre o caso.
"Ela ligou para mim pedindo para eu ligar para o bombeiro, de imediato liguei, só que o bombeiro queria mais informações que eu não tinha acesso por estar sozinho, não poder ir ao local. Tentei ligar novamente para a moradora que avisou. O pai chegando, eu liberei ele e pedi para ele ligar para o bombeiro. Ele começou a ligar para o bombeiro, só que estava sem condições de conversar com o bombeiro. Eu continuei o procedimento", explica o porteiro.
Em seguida, chegam o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar e o Samu. Outra câmera mostra os socorristas correndo em direção à parte de trás do prédio, onde a menina está caída no chão. Depois de 11 minutos de primeiros socorros, a ambulância sai levando a menina. Na parte do prédio onde houve a queda não há câmeras de segurança.
Uma moradora do primeiro andar conta que acordou com o som de uma conversa e viu a madrasta ao lado da menina no chão.
"Eu achava que fosse algum animalzinho que tivesse machucado, algum carro que tivesse pego, qualquer coisa assim. Aí, quando eu perguntei, ela falou assim: é criança que caiu do quarto andar. Ela estava sozinha acalmando a criança assim, passando a mão na criança, aí nisso a criança voltou. Começou a chorar, chorar sem parar, em desespero, chorava e gritava e ela acalmando a criança, aí com o celular acho que ligou para alguém que não sei quem é essa pessoa, se era o resgate ou se era o marido", conta.
A perícia foi acionada e encontrou uma tesoura no sofá do apartamento, que vai passar por perícia. Conforme o registro policial, a perita acredita que trata-se de um acidente, porém somente um laudo vai esclarecer as circunstâncias da queda. O caso foi registrado como queda acidental.
A madrasta deve ser intimada nos próximos dias para prestar um novo depoimento e o pai da criança também vai ser ouvido pela polícia.
Fonte: g1.globo.com