Racismo
Moradora cola papel com injúrias na porta de vizinhos
[10/05/2021] Mulher ofende vizinhos em condomínio em Santos
Moradores de um condomínio localizado no bairro do José Menino, em Santos, litoral de São Paulo, denunciaram à polícia uma moradora de 56, nutricionista, por escrever e colar na porta de seu apartamento e outras dependências do prédio recados racistas e ameaças contra vizinhos e funcionários.
O edifício, com unidades de classe média e média alta, fica numa região bem localizada, perto do Orquidário, na Avenida General Francisco Glicério, uma das mais importantes e movimentadas da cidade.
No sábado (08), duas moradoras registraram boletim de ocorrência contra a mulher após ela afixar em suas portas bilhetes em letras grandes, com ofensas e ameaças onde se referia a elas, por serem negras, como pessoas de "espíritos imundos" e "escória da sociedade".
Ontem (09), a mulher voltou a colar, desta vez em sua própria porta, novos recados ofensivos contra quem a denunciou. "Porca e vadia! Caluniadora. Prevalece-se porque vive em um País onde Direitos Humanos favorecem bandidos. É preta retinta, como apresenta-se ser".
A mulher, considerada pelos moradores como uma pessoa reclusa e de comportamento agressivo, chegou a ser presa no dia 5 de abril, após a tentativa de agredir duas vizinhas com uma barra de ferro. A Polícia Civil abriu inquérito para apurar as ocorrências.
O delegado que cuida do caso, Jorge Álvaro Gonçalves Cruz, afirmou que o primeiro inquérito, que resultou em flagrante, foi relatado e está sendo encaminhado ao fórum. A suspeita foi presa por injúria racial, dano e ameaça, e liberada após uma audiência de custódia.
"As vítimas desse tipo de agressão devem registrar o fato na delegacia e, se possível, instruir com fotografias, arrolando testemunhas, sem prejuízo da perícia que será requisitada pela Autoridade Policial. Dependendo da situação, é preciso chamar a polícia até o local para análise do fato, sendo possível a prisão em flagrante".
O UOL entrou em contato com a administradora do condomínio para obter um posicionamento, mas até o fechamento desta matéria não havia obtido resposta.
Histórico de agressões
O desentendimento que causou a primeira detenção da nutricionista se iniciou depois que ela escreveu, com tinta permanente, ofensas na porta do apartamento de uma das vizinhas e também na área comum do condomínio em abril deste ano.
"Porca imunda", "vagabunda dos crimes" e "negro quando não faz na entrada faz na saída" foram algumas das frases registradas em um quadro de energia e numa porta corta-fogo pela mulher.
Ao ser questionada por sua atitude, a nutricionista saiu do apartamento com uma barra de ferro para agredir as vizinhas e chegou a perfurar a porta de um dos apartamentos com as pancadas.
Rendida com a ajuda do subsíndico do edifício e impedida de retornar ao seu apartamento, a mulher foi presa com a chegada da polícia. Ela foi levada pelos policiais à delegacia, mas acabou sendo liberada após uma audiência de custódia.
Além do episódio, o zelador Arilton Souza de Carvalho também foi alvo de agressões da nutricionista. Trabalhando há 14 anos para o condomínio como porteiro e atualmente como zelador, ele conta que já foi atacado fisicamente pela mulher.
Em 27 de novembro de 2020, segundo boletim de ocorrência registrado no 7º DP de Santos, quando Arilton estava saindo do prédio ao final do expediente, a mulher saltou de um táxi em movimento e começou a ofendê-lo e agredi-lo. Entre tapas e pontapés, ela gritava: "Vagabundo, negro encardido, estuprador".
"Isso tudo é muito humilhante. A gente só quer trabalhar com honestidade e dignidade, eu até evito comentar o que está acontecendo em casa, para minha filha pequena não ouvir. Ela ainda não tem mentalidade para entender esse tipo de coisa", diz o zelador.
Em março deste ano, após humilhar e xingar novamente o zelador enquanto ele recolhia o lixo dos apartamentos no andar térreo, a nutricionista subiu até o seu apartamento para apanhar uma garrafa de uísque, desceu novamente e, com violência, a arremessou contra o vidro de proteção da guarita da portaria. A intenção era de atingir uma funcionária e acabou danificando o vidro.
Carvalho conta que, desde que passou a trabalhar no edifício, já notava que a mulher sempre o olhava "torto". E que as agressões efetivamente começaram quando, no início do ano passado, ele se viu obrigado a acompanhar um oficial de Justiça até a porta de seu apartamento, como testemunha de entrega de uma intimação judicial.
"Ela é uma mulher bonita, branca, loira de olhos azuis. Isso que ela está fazendo não é só injúria, não. É racismo puro", desabafa. "Essa mulher é perigosa, violenta. Eu e os outros funcionários vivemos sob pressão, sempre tendo que fugir do caminho dela."
[21/05/2021] Justiça determina que nutricionista que escreveu bilhetes racistas contra vizinha mantenha distância da vítima
Mulher foi alvo de um dos últimos ataques de nutricionista em condomínio em Santos, no litoral paulista. Caso foi acompanhado pela Polícia Civil. Justiça concedeu medida protetiva à vítima.
A Justiça concedeu medida protetiva a vizinha ofendida com bilhetes de cunho racista escritos por uma nutricionista de 56 anos em um condomínio em Santos, no litoral paulista. A vítima havia relatado ao G1 que não se sentia mais segura no prédio onde vive. Entre os xingamentos, a vítima foi chamada de "preta retinta", "porca" e "maloqueira". Com a decisão judicial, a suspeita deve manter distância da mulher ofendida e não pode ter qualquer contato com ela ou sua família.
A nutricionista é investigada pela Polícia Civil por diferentes ataques racistas, e já chegou a ser presa por ameaçar vizinhas e praticar injúrias raciais, mas foi solta. A vizinha que conseguiu a medida protetiva chegou a ser ameaçada de agressão pela suspeita no dia em que foi presa em flagrante, em 5 de maio. Na data, duas vizinhas relataram que a nutricionista havia colado em suas portas papéis com dizeres como "negra vaga*****", "porca", e ainda que "negro quando não faz na entrada faz na saída". As ofensas, além de coladas nas portas das vítimas, também estavam espalhados na área comum do condomínio.
"Continua sendo complicado ser preto no Brasil. Continua sendo complicado conviver com pessoas que pensam que são superiores, por conta da cor de pele. Uma diferença pequena, perto de outras tantas características que um ser humano pode carregar, ainda é sinônimo de opressão e oprimido", disse Rafael Zulu em trecho do texto que compartilhou, palavras que também foram replicadas por Thiaguinho.
Ataques racistas
A nutricionista é investigada pela polícia por escrever ofensas racistas contra vizinhos em Santos. Além de atacar a vizinha ouvida pelo G1, nos papéis que ela havia colado na porta de seu apartamento anteriormente, ela se referia aos negros como pessoas de "espírito imundo" e "escória da sociedade". Na ocasião, foi registrado boletim de ocorrência contra a nutricionista por ameaça, injúria e difamação no 7º DP de Santos.
Em 5 de maio, a mulher chegou a ser presa por ofensas a vizinhas com palavras de cunho racista e por tentar agredi-las, mas foi solta em audiência de custódia. O zelador do prédio, Arilton Souza de Carvalho, relatou que também já foi alvo dos ataques da mulher. Ele registrou boletim de ocorrência contra ela no fim de 2020, devido a uma agressão que sofreu por parte da investigada, e por ouvir em outras ocasiões xingamentos como "negro", "marginal" e "preto encardido".
Ele também relatou que, em março deste ano, quando tirava o lixo do condomínio, foi ofendido mais uma vez com palavras de cunho racista. "Nesse dia, após me ofender, ela subiu até o apartamento dela, pegou uma garrafa e voltou para ver onde eu estava. Como a moça da portaria disse que não sabia onde eu estava, ela [nutricionista] a xingou e jogou a garrafa no vidro da portaria. Foi registrado outro boletim contra ela na ocasião, por injúria e lesão corporal", disse.
Fonte: https://noticias.uol.com.br/ https://g1.globo.com/