Reflexão para a Semana do Meio Ambiente 2020
A COVID-19 continua trazendo muita tristeza para as pessoas, mas a natureza conseguiu um respiro
Por Alexandre Furlan*
Mais uma Semana do Meio Ambiente passou e dessa vez, de uma maneira bem diferente. Lembro que meu professor em uma das minhas primeiras aulas da faculdade de Gestão Ambiental, perguntou a todos o que era o meio ambiente, e a maioria achava que eram as árvores.
Meio Ambiente é tudo que nos cerca e todas as relações que temos com as cidades, prédios, casas, empresas, animais, árvores, pessoas, etc.
A COVID-19 trouxe e continua trazendo muita tristeza, angústia, ansiedade e uma profunda crise econômica, porém, a natureza consegue um descanso para se renovar.
Ficou mais do que claro que o principal problema ambiental do mundo são as pessoas. Acho que todos os alertas e os pedidos de reduções de emissões em décadas das autoridades e líderes ambientais, nunca conseguiriam ser tão efetivos quanto como foram na quarentena.
Com bilhões de pessoas em quarentena e empresas fechadas, as viagens praticamente pararam. Nos locais turísticos, os animais estão conseguindo procriar, as praias estão mais limpas (não vou falar dos oceanos porque estes continuam com muito lixo plástico) e o ar está muito mais limpo.
De acordo com Fei Liu, pesquisadora de qualidade do ar no Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA, esta é a primeira vez que um evento específico causa uma redução tão drástica das emissões de poluentes na atmosfera em uma área tão ampla.
Ela afirma que outro evento que também proporcionou uma grande queda na poluição foi a recessão econômica de 2008, mas de modo muito mais lento e gradual.
Ironicamente, isto faz com que a epidemia do COVID-19 seja o evento que, nas últimas décadas, teve o maior impacto positivo na luta contra o aquecimento global.
Para se ter ideia do impacto, após anos, o Himalaia ficou visível para Índia após quarentena contra coronavírus derrubar poluição.
Falando de cidades, o lixo aumentou e bastante com o delivery. O Instituto Muda, que coleta recicláveis em condomínios, percebeu um aumento de 20% no volume.
O mais triste é que as cidades continuam com uma coleta seletiva baixa e a maioria das embalagens de delivery não são recicladas, tais como o isopor, potinhos plásticos de molho e os que acompanham a comida. Uma das únicas embalagens que são recicladas em um delivery são as sacolas cartonadas.
É preciso dar um basta na quantidade de isopor e na falta de atendimento que as fabricantes de isopor têm perante à Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Também é um momento muito oportuno para os aplicativos de entrega de comida se posicionarem quanto às embalagens e em alguma solução mais sustentável.
Fica a reflexão na Semana do Meio Ambiente de 2020: será que conseguimos imaginar uma quarentena somente para diminuir o aquecimento global?
(*) Alexandre Furlan é especialista em sustentabilidade e questões ambientais. Presidente do Instituto Muda, empresa que trabalha com gestão de resíduos em condomínios, tendo conquistado 3 premiações internacionais.