Reforma do Copan
Obra é autorizada pela prefeitura de SP após 10 anos de negociação
Reforma do Copan, no Centro de SP, é autorizada pela prefeitura após 10 anos de negociação
A administração do edifício, no entanto, afirma não ter os recursos financeiros necessários para o início da obra; especialista diz que investimento da iniciativa privada pode ser solução
O projeto de reforma do Copan, icônico edifício localizado no Centro de São Paulo, foi aprovado após dez anos de negociação com o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo (Conpresp). As obras devem começar no início de 2022.
Há pelo menos uma década, o prédio projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer convive com problemas de manutenção da fachada, como infiltrações e queda de pastilhas. Todos esses elementos foram constatados em laudos e denunciados a órgãos do patrimônio histórico.
A Secretaria Municipal de Cultura (SMC) informou que a reforma foi aprovada com uma única diretriz de revisão da troca dos cobogós, elementos vazados, em uma faixa na fachada sul do edifício, que deverá ser mantida. “As pastilhas que necessitam ser trocadas ou recolocadas serão substituídas por pastilhas similares às originais”, disse a pasta.
“O projeto foi aprovado totalmente. É um projeto conservativo, que faz considerações importantes com relação às pastilhas, que era o que estava bastante grave”, afirmou Lícia Alves, diretora do Departamento de Patrimônio Histórico (DHP) do município.
Em 2011, o Conpresp autorizou a colocação de uma tela de proteção e a retirada das pastilhas. No entanto, em 2015 a obra foi embargada. Entre os motivos, as pastilhas de vidro que o síndico havia comprado para a reforma não atendiam ao padrão exigido pela prefeitura.
“Até hoje, não achei. Procurei esse material até na Itália. O que eu apresentei naquele momento, que era o mais adequado e também adequado aos valores, não foi aceito pelo DHP”, explicou Affonso dos Prazeres, síndico do Copan há cerca de 30 anos.
Apesar de o projeto ter sido autorizado, a questão financeira preocupa a administração do Copan. “O condomínio tem quase R$ 20 milhões no caixa, insuficientes, inclusive, para o início da obra. Durante três assembleias, me negaram qualquer tipo de valor a mais do que aquele que já era arrecadado no condomínio. Então, estou de mãos atadas”, apontou Prazeres.
Para o consultor em política urbana Gabriel Rostey, uma solução para esse obstáculo seria o investimento da iniciativa privada. Uma empresa poderia, por exemplo, oferecer recursos para a obra em troca de publicidade nas telas de proteção. O dispositivo é previsto, inclusive, pela Lei da Cidade Limpa.
No entanto, historicamente, esse mecanismo não costuma ser utilizado na capital: foi colocado em prática apenas duas vezes em 2017 - na restauração da fachada do Theatro Municipal e na revitalização da Praça Ramos de Azevedo.
“Se é tão pouco usado, se é uma coisa que não faz parte da vida efetiva da cidade, é porque claramente tem algum problema na legislação para que haja essa efetividade. É preciso discutir isso”, disse Rostey.
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