Retrofit resgata estruturas deterioradas e valoriza imóveis
O retrofit vai muito além de meras reformas pontuais na fachada das construções
Por baixo da aparência estragada e das instalações defeituosas de um prédio velho ou de uma casa antiga, pode-se esconder um pequeno tesouro. Para descobri-lo, não basta um retoque aqui ou ali, mas sim uma intervenção profunda. A técnica que resgata a riqueza de estruturas deterioradas é chamada de retrofit.
Basicamente, trata-se de uma restauração, mas este termo é aplicado a edifícios tombados e “retrofit”, não, segundo o arquiteto Henock de Almeida, diretor da AC Arquitetura e Consultoria, do Rio de Janeiro. Essa última prática é “o processo de modernização tecnológica e estética de edifícios feitos em outra época e que envelheceram”, segundo Almeida, e inclui até mudanças na fachada. No restauro, por sua vez, é obrigatório preservar as características originais da construção.
Alterações abrangentes
Ao contrário de uma reforma, o retrofit não envolve melhorias pontuais, mas mudanças mais abrangentes. Frequentemente inclui aplicação de tecnologias novas, como renovação de elevadores ou de ar-condicionado, o que leva a uma melhor performance energética da construção.
O arquiteto Juca Pires, sócio do escritório paulistano Pires Giovanetti Guardia, lembra que, no Brasil, “o comum era demolir para fazer de novo, mas adequar passou a ser interessante, até mesmo do ponto de vista cultural, quando há qualidades arquitetônicas que justifiquem a ação”.
O mais comum é o retrofit ser aplicado para mudar a função de um empreendimento – por exemplo, um edifício residencial que passa a ter uso comercial. Pires, no entanto, afirma a transformação para uso residencial está aumentando, e destaca o pioneirismo do Rio de Janeiro.
“A valorização imobiliária da zona sul da cidade tem levado ao uso dessa técnica para aumentar o tamanho dos apartamentos e incorporar facilidades”, destaca.
Em prédios residenciais, é preciso obedecer à convenção de condomínio, pois em alguns casos exige-se aprovação unânime para a obra, e, em outros, apenas o consentimento da maioria. Como toda intervenção trabalhosa, o retrofit causa incômodos, mas valoriza o imóvel, destaca Pires. “Trabalhei em obras que tiveram impacto grande no preço do imóvel, com melhorias de fachadas e estruturas.”
Um trabalho que Pires está desenvolvendo no Rio de Janeiro dá uma ideia da dimensão que pode ter oretrofit. O projeto ocorre em um casarão antigo que já foi a casa de um importante político do século XIX, depois virou um tradicional colégio e serviu de sede para uma construtora, que faliu e deixou o imóvel abandonado. Agora, o imóvel está sendo incorporado a um empreendimento residencial, e, após a intervenção, terá espaços comuns e 16 lofts.
Não por acaso, Pires afirma que o retrofit “é muito importante urbanisticamente”.
Fonte: http://vidaeestilo.terra.com.br
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