Revista em empregados domésticos causa revolta em moradora de condomínio fechado
Jornalista relata que desde segunda-feira (16) funcionários têm objetos verificados, catalogados e conferidos na entrada e na saída
Uma postagem no Facebook às 17h34 chamou a atenção de usuários da rede social em Goiânia e inciou uma discussão sobre como são tratados empregados domésticos em condomínios horizontais da capital. A moradora, jornalista Raíssa Martins, do Alphaville Flamboyant, localizado na GO-020, relatou o que aconteceu na segunda-feira (16/5) quando a funcionária que trabalha na casa dela chegou à portaria do local.
Segundo a moradora, a empregada precisou entrar em uma fila, assim como outras funcionárias que trabalham em casas do condomínio, para passar por uma revista que conferia a e catalogava os itens levados em bolsas e mochilas.
“Suas bolsas estão sendo abertas, vasculhadas, na saída e também na entrada. Seus objetos, despejados em uma mesa, estudados e catalogados”, relatou a moradora.
Raíssa comparou o ocorrido, que se repetiu nesta terça-feira (17), com uma prática anterior à Lei Áurea (Lei Imperial número 3.353), assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888, que aboliu a escravidão no Brasil.
“Ontem de manhã (16/05) fui buscar a empregada doméstica que trabalha na minha casa do lado de fora do condomínio onde moro, Alphaville Flamboyant, em Goiânia, para que ela entrasse comigo, como minha convidada. Passou a ser humilhante demais sua entrada como funcionária, já que todas as mulheres que saem cedo das senzalas começaram a ter que passar por revista ao chegarem para trabalhar dentro das casas-grandes.”
Raíssa disse ao Jornal Opção que as informações que tem sobre o procedimento de revista de funcionários que entram no condomínio adotado desde segunda foram repassadas pela empregada que trabalha na casa dela. “Até onde eu sei, não houve qualquer comunicado aos moradores que essa prática de segurança seria adotada. Mas parece que vai se tornar uma regra, já que se repetiu hoje”, explicou.
Ela disse no relato publicado no Facebook: “Eu tenho que falar porque não concordo, porque tenho vergonha, porque me dá nojo, porque me provoca revolta, porque a administração precisa ser cobrada e responsabilizada e porque 1888 era pra ter ficado na História”.
Para Raíssa, há um processo inverso na sociedade. “Ao invés de a gente evoluir com o tempo e a segregação ser cada vez menor, a gente ainda vive em um País que segrega demais”, comentou.
Responsável pela assessoria de imprensa da Alphaville Urbanismo, que responde por todos os condomínios da marca pelo Brasil, a Máquina de Notícia informou que essas medidas são de responsabilidade da Associação de Moradores do Alphaville Flamboyant.
Como já havia passado das 18 horas, ninguém atendeu às ligações no número informado no site do condomínio. Já a Central de Segurança do Alphaville Flamboyant disse que o supervisor da equipe, que poderia explicar como funciona o procedimento de revista de funcionários que entram no local, não estava naquele momento e poderia ser encontrado na manhã de quarta-feira (18).
Fonte: http://www.jornalopcao.com.br/
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