Por risco de desabamento, 50 famílias são retiradas de edifício em Pernambués
Construído em 2009, o prédio tem 36 apartamentos em nove pavimentos. Obra chegou a ser embargada durante construção
Por fora, o prédio novo de pastilhas laranjas na Rua Potiraguá, em Pernambués, parece seguro. Mas basta um olhar mais atento para perceber grandes rachaduras na fachada e no piso de entrada do edifício Jardim Brasília— que se agravaram após as chuvas de anteontem. Por causa do risco de desabamento, 50 famílias, incluindo as que moram em dois prédios vizinhos, precisaram sair às pressas dos apartamentos.
“Houve um estalo no primeiro andar e um vizinho saiu correndo avisando de porta em porta que o prédio estava caindo. Ele contou que a escada balançava, enquanto descia para o subsolo”, contou a moradora Aline de Sousa, 30 anos. Ela se mudou com o marido e o filho, 4 anos, para uma unidade no subsolo no último sábado. Parte dos móveis ainda está embalada.
Construído em 2009, o prédio onde o problema começou tem 36 apartamentos em nove pavimentos — cinco na parte superior e quatro no subsolo. Moradores contaram que pagaram R$ 150 mil em algumas das unidades de 90 m², com dois quartos, suíte, cozinha, sala e varanda.
Os vizinhos dos edifícios Murta e Vila Verde abandonaram os imóveis porque os prédios podem ser arrastados, caso o Jardim Brasília continue a se inclinar. Eles denunciam que a obra foi realizada de forma irregular.
“A estrutura não era funda o suficiente”, denuncia o microempresário Emanuel Vaz, que mora há 34 anos no Vila Verde. “Emendaram (a construção) ao nosso edifício. Isso provocou rachaduras e infiltração. Ano passado, funcionários da Sucom estiveram aqui e disseram que o prédio estava seguro”, contou. O Vila Verde, que tem cinco pavimentos e nove apartamentos, apresenta rachaduras na garagem e muro lateral.
Procurada, a Secretaria Municipal de Urbanismo (Sucom) negou que tenha descartado risco de desabamento do edifício. Segundo o coordenador de fiscalização da Sucom, Everaldo Freitas, o órgão expediu um alvará para construção do edifício Jardim Brasília em 2009. No ano seguinte, a Sucom embargou a construção porque estava sendo construído um pavimento a mais do que era previsto – inicialmente seis.
Por conta das irregularidades, o prédio não recebeu o Habite-se, documento que certifica que a construção seguiu o projeto e oferece as condições necessárias para ser habitada. Fiscais da Sucom e da Defesa Civil (Codesal) vão analisar a evolução das rachaduras e a movimentação da estrutura do edifício hoje e amanhã. Na segunda-feira, vão emitir uma parecer sobre o edifício, que pode ser demolido ou recuperado.
O síndico do prédio, Carlos André Rodrigues, contou que entrou em contato com o construtor do imóvel.
“Ele disse que vai esperar primeiro o laudo da Codesal para se pronunciar”, afirmou. O CORREIO não conseguiu localizá-lo. Ontem, alguns moradores conseguiram entrar no prédio para pegar roupas e documentos. Eles se revezaram com supervisão dos engenheiros da Codesal.
O servidor público José Pedro de Antônio, 40, mora no prédio Jardim Brasília há um ano. Ele é de Curitiba e não tem família em Salvador. Sem ter para onde ir, alugou uma casa do outro lado da rua, para abrigar a esposa e o filho de 10 anos.
“Consegui pegar algumas peças de roupa e os documentos, somente”, contou.
Fonte: http://www.correio24horas.com.br/
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