Risco em Joinville
Engenheiro explica as causas de corrosão em pilar de prédio interditado
Engenheiro alerta sobre a causa da interdição de prédio em Joinville
Os moradores do Edifício Nove de Março, conhecido como “edifício verde”, perderam o sossego desde a última quarta-feira (14), quando tiveram de deixar seus apartamentos após a interdição do prédio pela Defesa Civil.
O edifício localizado, na rua de mesmo nome, na área central de Joinville, teve de ser desocupado após a constatação de que um dos pilares que dá sustento à estrutura sofreu corrosão, gerando risco de desabamento. Especialista em engenharia de estruturas, o engenheiro Gilberto Luiz explica que o problema pode se repetir em qualquer edifício.
“Desde o primeiro dia do término da construção de uma estrutura de concreto ela vai perdendo a capacidade de se proteger contra processos corrosivos. À medida que a estrutura não consegue evitar a corrosão, ela começa a perder a resistência, e isso acontece em todos os edifícios”, destaca.
Segundo ele, a manutenção dos prédios é essencial para evitar a corrosão. O engenheiro também alerta para a evolução silenciosa dos problemas em pilares, ao contrário do que acontece em lajes, por exemplo, quando a estrutura dá sinais de deterioração.
“Hoje o pilar está inteiro e amanhã pode romper sem apresentar sinais. Eles rompem sem aviso nenhum”, avisa. Segundo ele, alguns sinais discretos podem indicar a deterioração dos pilares, mas precisam ser diagnosticados por especialistas. Gilberto Luiz analisou a estrutura do edifício verde, interditado na semana passada quando um dos pilares, elemento responsável pela segurança do prédio, foi rompido.
“Só o fato de um pilar ter rompido causa um risco real de o edifício desabar”, explica. Ele conta que o pilar rompido era submetido a um carregamento de 60 toneladas, que agora está distribuído entre os pilares vizinhos.
“O grande problema é que a gente não sabe a capacidade de carregamento desses outros pilares”, ressalta. Para diminuir o risco de desabamento, foram implantadas cerca de 350 escoras de ferro embaixo do edifício, que servem para diminuir a carga dos pilares vizinhos. “Se esses pilares vierem a romper, o desabamento será inevitável”, conta.
Engenheiro desmente boatos das redes sociais
Após a notícia da interdição do edifício, internautas fizeram suposições sobre as causas da deterioração da estrutura. A proximidade com o rio, obras no entorno e trânsito de veículos foram hipóteses levantadas pelos joinvilenses, mas o engenheiro Gilberto Luiz explica que a causa do problema foi mecânica.
“Ao longo do tempo, as estruturas perdem a capacidade de resistir ao processo de corrosão. Em função de um vazamento, que existia por bastante tempo, houve o processo corrosivo, que diminuiu a resistência do pilar e pode ter acelerado a ruptura”, avalia.
Ele também explica que as vibrações que podem causar desconforto em uma pessoa – como no trânsito, por exemplo – são mínimas perto das vibrações necessárias para impactar a estrutura de um prédio. O próximo passo para definir o futuro do edifício é a realização de uma avaliação sobre as condições estruturais da construção. “A estrutura precisa ser completamente avaliada para entender o carregamento a que os pilares estão submetidos e a resistência que eles têm”, diz Gilberto.
Essa avaliação deve ser encomendada pelos moradores do prédio, que se reuniram na última sexta-feira (16) para tratar do assunto. Segundo o síndico, Jonathan Uttida, os moradores não querem falar sobre o assunto, chateados pela repercussão na cidade. Muitos dos comentários nas redes sociais pedem a implosão do prédio. “As pessoas não entendem que esse é o único lugar que muitos têm para morar”, fala Jonathan.
Trânsito continua bloqueado no local
Até que o futuro do edifício seja definido, o trânsito no trecho da rua 9 de Março, entre a Avenida Beira-Rio e o entroncamento da rua Aubé com a Hermann August Lepper, continua bloqueado para veículos e pedestres.
Fonte: http://ndonline.com.br/