Acidente completa 6 meses sem culpados
Prestes a completar seis meses, as investigações sobre o desabamento do Edifício Senador, no Centro de São Bernardo, ainda não apontaram os responsáveis pelo acidente. A ausência de respostas levou familiares e amigos das duas vítimas fatais da tragédia, a enfermeira Patrícia Farias de Lima, 26 anos, e Júlia Moraes, 3, a realizarem protesto na tarde de ontem em frente ao prédio interditado.
Cerca de 50 pessoas, com faixas e flores, fecharam por mais de uma hora parte da Avenida Jurubatuba para homenagear as vítimas. Entre lágrimas, cobraram solução para o caso.
"Não queremos crucificar ninguém. Apenas que se justifique duas vidas que se foram", disse o pai de Patrícia, o operador Deusdete Farias, 49.
O acidente ocorreu em 6 de fevereiro. O prazo inicial para a conclusão da perícia, de 90 dias, foi adiado por mais 90. Segundo o IC (Instituto de Criminalística), os peritos ainda trabalham no laudo devido à "complexidade de casos de engenharia que envolvem estrutura."
"Necessito desse laudo para concluir o inquérito e atestar a culpabilidade de alguém no caso", disse Victor Vasconcellos Lutti, delegado titular do 1º DP (Centro) da cidade, responsável pelas investigações.
Até agora, o único documento existente é elaborado pela empresa Falcão Bauer, contratada pela Prefeitura e entregue há 15 dias à polícia e ao Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo). A apuração técnica aponta que desabamento foi provocado pelo rompimento da laje superior do prédio em razão das infiltrações. "Não é algo oficial, mas será usado como prova do inquérito, claro. O do IC certamente será mais completo", avaliou Lutti.
O problema das infiltrações seria crônico no local. A polícia já sabe também que foi realizada obra para consertar a viga do 13º andar, que havia cedido. Até um macaco hidráulico para encaixar consolo de sustentação foi usado.
Em nota, a Prefeitura de São Bernardo diz que até sexta-feira ocorrerá a última retirada de bens dos condôminos do local. Ainda não há prazo para o fim da interdição da Defesa Civil nem para liberação do local.
Segundo o poder público, as questões sobre indenização são tratadas diretamente entre as vítimas e o síndico do prédio, Lauro Salera. Procurado pela equipe do Diário, ele não retornou os pedidos de entrevista até o fechamento desta edição.
Pai de menina morta apresenta sequelas após cirurgias
Voltar ao local da tragédia foi difícil para parentes e amigos das duas vítimas fatais do desabamento do Edifício Senador. O pai de Julia, o metalúrgico José Fabrício Oliveira Moraes, 38 anos, é direto em seu pedido. "Queremos uma resposta, só isso", disse.
Moraes estava com a filha no momento do acidente, foi retirado dos escombros e passou dez dias internado. Ainda não conseguiu retomar a rotina. Tem sequelas no braço esquerdo, perdeu o movimento dos dedos da mão. Tem cicatrizes também na perna e nas costas, devido às cirurgias. Faz tratamento psicológico e ainda não voltou ao trabalho. Ontem, ele e outros parentes, de maneira pacífica, colaram cartazes e deixaram flores no local. A Guarda Municipal só agiu quando integrantes pularam o tapume para pichar mensagens no prédio.
Fonte: http://www.dgabc.com.br/
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