Condomínio sofre com falta de estrutura
Problemas nas novas moradias tiram o sono dos moradores do novo conjunto habitacional de Sorocaba
Os moradores do condomínio residencial Parque das Árvores, que abriga mais de 300 famílias que antes viviam em áreas de risco da cidade, têm mostrado descontentamento com as condições de suas novas moradias. Eles foram obrigados a deixar suas moradias em bairros como Central Parque, Júlio de Mesquita, Parque São Bento, Torre do Ipiranga, Vielas do Ipiranga e Nova Esperança no último dia 18 de novembro para ocupar mais um dos condomínios entregues pela Prefeitura a fim de desocupar locais onde havia risco iminente de inundações. Porém, menos de um mês após a mudança, os problemas encontrados nas novas moradias já têm tirado o sono de muita gente.
A principal queixa dos residentes é quanto a problemas de infiltrações nos imóveis. Alguns prédios apresentam rachaduras, enquanto muitos outros são invadidos pela água mesmo em dias onde não ocorre chuva. O motivo é a falta de estrutura e acabamento dos prédios, sendo que os imóveis que ficam nos andares baixos sofrem com a água que vem dos que ficam nos andares de cima, enquanto estes, por sua vez, são invadidos pelo conteúdo de suas próprias caixas-d"água. O resultado chega a ser desastroso: moradores relatam que o teto de um dos imóveis chegou a desabar. Além disso, quem convive entre paredes emboloradas e goteiras por toda a casa acaba tendo que encontrar soluções para todos esses transtornos.
A estudante Amanda Matarazzo teve de deixar sua casa, no Central Parque, contra sua vontade. Ela considera que tinha um bom lugar para viver, situação que praticamente virou de ponta cabeça após a mudança.
"Saímos de nossas casas sob a alegação de que lá entrava água mas aqui a situação não é diferente", reclama. Na estreita cozinha do apartamento dela, a locomoção já complicada pela falta de espaço se torna ainda pior com as goteiras, que escorrem inclusive pela lâmpada que deveria iluminar o ambiente. "Tivemos de desligar o disjuntor", lamenta.
A mesma situação é compartilhada pela dona de casa Roseli Félix Valentino. Ela teme inclusive pela segurança do prédio por conta dos inúmeros problemas. "Meu apartamento está com inúmeras infiltrações. Vaza água do apartamento de cima e as paredes ficam emboloradas. Já reclamamos com a construtora mas ninguém faz nada. Se continuar desse jeito o prédio vai cair", diz. O Cruzeiro do Sul entrou em contato com a empresa SAE Engenharia, responsável pela construção do residencial Parque das Árvores, porém, de acordo com um funcionário, a pessoa responsável por prestar este tipo de esclarecimento está de férias. A reportagem foi informada ainda de que apenas esse profissional ausente poderia responder sobre os problemas estruturais do local.
Desbastecimento afeta moradores
Além das inúmeras reclamações por conta da falta de estrutura dos prédios no residencial Parque das Árvores, existem ainda por parte dos moradores uma série de queixas em relação a outros aspectos precários no condomínio. Um dos principais problemas que tem afetado a população local é a constante falta de água nos prédios. Muitas pessoas reclamam que esse tipo de situação é constante desde a mudança, há pouco mais de 20 dias, entre elas, a auxiliar de serviços gerais Andreia de Fátima dos Santos. Ela é moradora de um dos primeiros prédios do condomínio, ou seja, na parte mais alta do local, e conta que chega a ficar dias sem água. "Fico sem fazer meus serviços de casa porque falta água. Ficamos três dias com água e outros três dias sem. Morei por 17 anos no Nova Esperança e nunca tive esse tipo de problema", diz.
A situação não é exclusividade de moradores dos primeiros prédios. Amanda Matarazzo reside na parte mais baixa do condomínio e também sofre com a falta de água que atinge o local. E como se não bastasse, nas raras oportunidades em que tem acesso ao recurso, enfrenta novas dificuldades.
"Quando tem água, temos que tomar banho gelado porque os aquecedores não funcionam", explica.
O sistema de esgoto no residencial também apresenta falhas. Próximo aos fundos do condomínio, os resíduos do esgoto se acumulam a céu aberto, próximo à área de lazer para as crianças. O forte cheiro que há no local acaba se espalhando por todo o espaço, incomodando e colocando em risco a saúde dos moradores. Logo atrás, as cercas que limitam o território do residencial são engolidas pela quantidade de mato nos arredores, levando muita gente a questionar se a proteção realmente faz o entorno no condomínio.
Por meio de nota, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Sorocaba (Saae) informou que "a região em que o residencial está instalado não tem problemas com o abastecimento de água", nem está enfrentando nenhum problema técnico que possa dificultar a distribuição de água no local. A autarquia também ressaltou que tanto este problema quanto o do sistema de esgoto "devem ter origem no sistema de distribuição interno do condomínio". Sobre a falta de água, o Saae informou que o problema é a bomba de recalque queimada do condomínio.
Insegurança
A segurança do prédio é inexistente. A portaria não conta com nenhum funcionário, tornando a entrada e circulação de pessoas totalmente livre no local, que já foi alvo de furtos, segundo moradores. Em meio a essa situação, também não existe a figura de um síndico ou representante dos residentes, deixando aos moradores a sensação de um abandono total. O agravante é que diante desse quadro, muitas pessoas já pensam em deixar de pagar as prestações do condomínio, o que pode complicar ainda mais o convívio e o dia a dia da população local.
A Prefeitura de Sorocaba também foi questionada pela reportagem em relação aos problemas no residencial Parque das Árvores, uma vez que há queixas de moradores dizendo que a administração municipal garante não ter nenhuma responsabilidade pelo local, porém, até o fechamento desta edição não se manifestou sobre o assunto.
Os condomínios que abrigam famílias oriundas de áreas de risco de Sorocaba são construídos em uma parceria entre a administração municipal e o Governo Federal por meio do programa "Minha Casa, Minha Vida". Em Sorocaba, além do Parque das Árvores, o residencial Altos do Ipanema também foi construído na mesma região e desde maio do ano passado abriga mais de 400 famílias de áreas de risco da cidade. No entanto, assim como o Parque das Árvores, o condomínio Altos do Ipanema é alvo de críticas de seus moradores por conta da falta de estrutura e inúmeros problemas que trouxe às famílias que hoje abriga. Na virada do ano, cerca de 15 metros de um muro do residencial desabou com o alagamento no local deixando os prédios ainda mais expostos. Até agora a estrutura não foi restabelecida
Fonte: http://www.cruzeirodosul.inf.br
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