Criado há cinco anos, condomínio em Santa Maria, DF, tem estrutura precária
Total Ville tem um único acesso asfaltado; rota alternativa é 'terra ou lama'. Concessionária diz elaborar plano de melhorias; construtora não respondeu.
Moradores do condomínio Total Ville em Santa Maria, no Distrito Federal, convivem há mais de cinco anos com a insegurança causada pela ausência do poder público. Com cerca de 5 mil moradores, o conjunto habitacional tem apenas uma rota asfaltada de entrada e saída, às margens da BR-040. Nas vias internas, a falta de sinalização e policiamento transforma o espaço em "terra sem lei", segundo os próprios moradores.
"O condomínio existe desde 2011 e a gente continua nessa situação. Não tem pintura no asfalto, não tem corte de grama. Aquele jardineiro ali, foi a quadra que contratou para tirar o mato. Neste balão aqui, já foram vários acidentes sérios porque não tem visibilidade", enumerou a administradora Eliéte Oliveira, de 44 anos, em um passeio pelo local com a reportagem do G1.
Cada uma das cinco quadras do Total Ville tem guarita particular e é dividida em blocos, com apartamentos para beneficiários do Minha Casa, Minha Vida e para compradores. O espaço foi construído e loteado pela Direcional Engenharia em 2011.
O G1 questionou a empresa sobre a emissão do Relatório de Impacto de Trânsito (RIT), que deveria prever alterações na BR-040, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O condomínio ainda tem lotes à venda e pode dobrar de população nos próximos anos, com a conclusão e novas quadras.
O administrador regional de Santa Maria, Nery do Brasil, afirma que as obras na rodovia são de responsabilidade da concessionária Via 040, responsável pelo espaço até 2044. Já as melhorias na área interna esbarram na burocracia.
"A Direcional precisa repassar essa área comum do condomínio para a Terracap, transformar em área pública, para que o Detran possa agir e sinalizar", diz.
Mapa de acessos ao condomínio Total Ville, em Santa Maria (DF); motoristas usam BR-040 no sentido Goiás (vermelho) para entrar, e no sentido Brasília (azul) para sair; estrada de terra (verde) é considerada 'rota alternativa' (Foto: Google Maps/Reprodução)
Passeio complicado
O G1 fez um passeio pela área do condomínio no último dia 3 para identificar os principais problemas de infraestrutura. Logo na entrada, é possível perceber o gargalo formado pela única via de entrada e saída. Em horário de pico, os moradores dizem gastar até 30 minutos para percorrer menos de 500 metros (veja vídeo).
Quem vem de Valparaíso, cidade vizinha no Entorno do DF, precisa fazer um retorno em plena BR-040 para acessar o conjunto habitacional. O trecho não tem semáforo, redutor de velocidade ou pista de aceleração.
"O jeito é esperar uma folga e acelerar com tudo, mas é muito arriscado", diz Eliéte.
No sentido contrário, para quem sai do Total Ville em direção ao centro de Brasília, o drama se repete. No início da manhã e no fim da tarde, os moradores precisam aguardar uma brecha no trânsito intenso para ultrapassar as três faixas e fazer as conversões.
Sem estrutura
No lado oposto à BR-040, o condomínio tem uma estrada improvisada que liga a área à expansão de Santa Maria. O caminho até a quadra 517 tem cerca de 2 quilômetros, que nunca receberam nenhuma camada de asfalto. Nesse trajeto, é preciso seguir até o balão de Santa Maria ou fazer um contorno ainda maior, chegando ao Balão do Periquito, no Gama.
A reportagem registrou nuvens de poeira formadas pela passagem dos carros e motos no último dia 3. Às margens, grandes poças de água e lama indicavam a ocorrência de chuvas recentes. O administrador de Santa Maria afirma que equipes da Novacap estiveram no local no dia seguinte e compactaram a terra. "Ficou um brinco", diz Nery.
A área interna do Total Ville também preocupa. A Rua Principal deveria avançar em direção às quadras, e a Avenida Monumental, no sentido contrário. Por desconhecimento e falta de sinalização, as duas estradas se converteram em uma mão dupla informal, com carros se esgueirando por passagens estreitas.
"Isso aqui já causou uma série de acidentes, porque o pessoal entra de qualquer jeito, pega os outros motoristas de surpresa. A gente não tem pintura no asfalto que indique mão e contramão, indique onde pode ou não pode estacionar", diz Eliéte.
O condomínio também carece de comércio local, segundo os moradores. Em uma área interna próxima à entrada, uma feira clandestina oferece serviços como lanchonete, mercearia, verduraria e salão de cabelereiros. A atividade não é formalizada, mas ajuda a evitar a travessia da BR-040 para as pequenas compras do dia a dia.
Para quem não tem carro, o condomínio oferece ainda outro obstáculo. As vias internas são abastecidas por uma única linha de ônibus, a A.255. O trajeto deixa os moradores na estação do Expresso DF, dentro de Santa Maria. Se o morador quiser ir a outro destino, precisa fazer a integração ou atravessar a BR-040 a pé, sem passarela e pulando um guard rail.
Fonte: http://g1.globo.com/
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