Empresa corta fornecimento de gás encanado em condomínio de Lins
Companhia alega que alguns moradores fizeram ligações clandestinas. Caso foi levado ao Procon que acionou o Ministério Público.
Famílias que moram no condomínio Franco Montoro, em Lins, estão sem poder usar o fogão. A empresa que fornece gás para os apartamentos deixou de fazer o abastecimento dos botijões. Mais de mil pessoas estão virando como podem, o que preocupa a Defesa Civil.
As contas estão todas pagas. Mas, faz dias que a dona de casa Enedina Texeira dos Santos não consegue cozinhar. O gás encanado do edifício onde mora acabou e para as refeições ela conta com a ajuda da nora. “Ela faz a comida e traz para mim, dá para uns quatro dias. Eu vou esquentando no micro-ondas”, conta.
No condomínio moram cerca de 1400 pessoas. No ano passado, foi assinado um contrato de fornecimento de gás de cozinha com uma empresa, mas ela alega que alguns moradores fizeram ligações clandestinas, com risco de vazamento, o que levou à suspensão do fornecimento. A prefeitura de Lins contesta a afirmação.
De acordo com o gerente de habitação dos 288 apartamentos, 286 foram vistoriados, e todos estavam de acordo com as normas exigidas. “Tem dois apartamentos do bloco B, que eles não encontraram o morador e por isso deixaram como suspeito de vazamento, então em cima disso, a empresa coloca que a questão de segurança está abalada e que teria que retirar os equipamentos”, explica José Queiroz.
Em cada um dos blocos, há um cilindro com capacidade para 190 quilos de gás. Em seis blocos do condomínio, esses cilindros já estão vazios. Se a situação continuar assim na próxima semana todos os moradores devem ficar sem abastecimento.
Sem alternativa para preparar a comida da família, Maristela Fabiano instalou um botijão na cozinha do apartamento. “Tive que comprar um botijão porque eu tenho três filhos, nós levamos marmita para o trabalho e não tem como ficarmos sem a alimentação. Eu esperei por 10 dias, depois disso eu coloquei o botijão”, afirma a auxiliar de serviços gerais.
O coordenador da Defesa Civil de Lins diz que há uma lei estadual que proíbe a instalação de botijões em edifícios. ele
teme que alguma explosão possa acontecer no condomínio. A defesa civil já registrou dois princípios de incêndio na área.
“A gente sabe que 268 apartamentos, mais de 1500 pessoas entre crianças, jovens e adultos e a Defesa Civil está realmente preocupada, porque nesses casos o botijão tem que ficar do lado de fora e não dentro. E nesse momento o gás acabou em seis blocos, são mais de 90 apartamentos, se todo mundo resolver colocar um botijão e ocorrer uma explosão, num dá nem para dimensionar o que pode ocorrer”, ressalta Wagner Saoncella.
Os moradores confirmam que alguns estavam inadimplentes, mas eles criticam a corte geral do fornecimento. O grupo formou uma comissão para resolver o impasse com a distribuidora de gás. “Nós não temos autoridade para falar para o morador não colocar o botijão e nem para colocar”, destaca Janaína Rodrigues, membro da comissão.
O Procon, que intermediou o problema, encaminhou o caso ao Ministério Público. “A irredutibilidade está sendo da empresa, que está insensível a situação dos moradores. São 500 crianças no local e vamos tentar resolver da melhor maneira possível”, afirma Luiz Henrique Caetano, coordenador do Procon.
Ainda segundo o Procon de Lins, no contrato coletivo para prestação de serviço firmado entre a empresa e o condomínio, há uma cláusula que estabelece que se um morador deixar de pagar a conta, o fornecimento de gás poderá ser cortado para todos os apartamentos, mesmo com as contas em dia. Para o Procon a cláusula é abusiva e ilegal.
Em nota, a empresa responsável pelo abastecimento informa que notificou o condomínio sobre a rescisão do contrato devido à falta de condições adequadas de fornecimento. O condomínio foi construído pelo Programa “Minha Casa, Minha Vida”.
Fonte: http://g1.globo.com/
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