Síndico morador ou profissional?
Decisão depende de necessidade, oportunidade e preferência de cada local
*Marcelo Moreira Duarte
Certo dia me fizeram essa pergunta em um congresso de administração de condomínios e rapidamente eu respondi com outra pergunta: “Qual a mulher ideal para se casar: a loira, a morena ou a ruiva?”.
É como se fôssemos escolher o melhor vinho, ou a marca de carro, e quem sabe se perguntarem o melhor lugar do mundo para viajar, quem pode fazer uma afirmação exata a respeito?
A essa altura você já entendeu que é uma questão de gosto, necessidade e oportunidade, ou seja, a melhor gestão de sucesso para um condomínio é sempre aquela que apresenta resultados, e talvez a que agrade mais o bolso da coletividade, mas alguém já ouviu falar em empreendimento de sucesso sem investimento?
Alguma pessoa já viu um síndico servir até mesmo 24 horas, fazer cursos para assumir a função, estudar, se dedicar em conhecer a convenção do condomínio, manutenção predial, legislação, técnicas de gestão e enfrentar todos os conflitos que o mandato exige em troca de apenas isenção de condomínio?
Foi-se o tempo em que isso acontecia.
No caso dos síndicos dos condomínios (interno), o que posso dizer, é que existe dois tipos:
- Um que tem conhecimento em gestão, é um expert em finanças, conhecedor dos assuntos jurídicos, da manutenção predial preventiva e é um verdadeiro pacificador, maravilhoso em resolver conflitos, mas falta-lhe coragem!
- O outro não tem nenhum desses requisitos, mas quando está na assembleia de eleição de síndico e ninguém tem coragem de se candidatar ele logo assume. Resultado: má gestão.
Aquele “sabidão” que sabe tudo, mas não teve a coragem de assumir o cargo de síndico, fica a todo tempo criticando e tornando o ambiente ruim, em que muitas pessoas já conhecem, afinal, é mais cômodo ficar “atacando as pedras” do que ser a “vidraça”!
A saída, então, acaba sendo o síndico externo, previsto na própria legislação desde 1964, e que agora parece que virou um novo filão de mercado.
Sabendo explorar, muitos síndicos com experiência podem absorver e ajudar a administrar com sucesso a vários condomínios.
Uma coisa é certa, sendo síndico do condomínio ou externo, a verdade é uma só: a responsabilidade civil, criminal, trabalhista, previdenciária, tributária e ecológica, dentre diversas outras continuam a mesma para ambos.
O mercado mudou bastante e as exigências de quem vive em um condomínio aumentou muito, e junto os problemas de segurança, convivência e a manutenção da edificação para que se mantenha o imóvel valorizado, enfim, é preciso profissionalizar o processo de administração de um condomínio.
Para isso, hoje em dia vem aumentando com sucesso o mercado de síndicos externos, conhecidos como “síndicos profissionais”, e que na verdade agem com mais imparcialidade e realizam gestões mais eficientes.
Com o síndico profissional, a pessoalidade, em alguns casos, acaba ficando em segundo plano e o síndico age de acordo com as regras, buscando ser mais rigoroso nas notificações das transgressões cometidas pelos moradores, independente de quem for, pois não mantem vínculos de amizades, o síndico externo age como um profissional e ponto final.
O síndico externo não faz parte do convívio social do condomínio e o fator emocional não é elemento nos conflitos existentes e consegue na maioria das vezes, resolver a todos os casos de indisciplina com mais agilidade e profissionalismo.
As próprias pessoas acabam respeitando mais o síndico externo, e da mesma forma acabam exigindo dele muito mais, pois a expectativa é maior, sem falar na remuneração que é muito mais vantajosa do que as que costumeiramente são pagas ao síndico interno do condomínio.
Não existe uma regra clara se o melhor é o síndico morador ou um síndico externo, ambos podem fazer uma gestão de sucesso ou fracasso. É preciso ter um planejamento, uma boa projeção financeira com acompanhamento constante, uma pesquisa de satisfação dos moradores com assiduidade, um laudo da atual situação da edificação, e fazer um trabalho com a participação de todos.
O mais importante é que o síndico assuma o seu papel como administrador do condomínio e nunca como o dono do prédio.
O síndico tem que cumprir e fazer com que cumpram todas as deliberações das assembleias, o que determina a convenção e o regulamento interno, nunca sobrepondo a legislação em vigor.
A gestão de sucesso de um condomínio é aquela onde se pratica com sabedoria o processo do exercício democrático, se tem transparência, muita, mas muita agilidade na comunicação do síndico com todos os moradores e sabendo que a assembleia é soberana, realiza-las com mais preparo, pautas mais atrativas, demasiadamente organizadas, buscando manter sempre uma maior frequência e participação dos moradores.
Portanto, seja o síndico morador, ou o síndico externo, é preciso ter conhecimento do que o cargo do síndico representa e agir com responsabilidade, bom senso e respeito às regras, tendo humildade para ouvir, vontade de servir, e pulso para colocar em pratica todo o planejamento aprovado pela comunidade condominial.
Que todos sejam muito felizes em seus condomínios!
*Marcelo Duarte é empresário e palestrante do mercado de administração de condomínios.