SP X Ocupação vertical
Projeto transforma área em conjunto habitacional
Projeto vai transformar maior ocupação vertical do país em conjunto habitacional de São Paulo
Previsão é que as obras comecem na primeira quinzena de maio, e que o Edifício Prestes Maia, no Centro da cidade, se oficialize como condomínio residencial, com 287 unidades
“O silêncio é uma prece. Após as 22h, é obrigatório”. O aviso se destaca logo na entrada, depois da portaria que controla o vaivém no Edifício Prestes Maia, no Centro de São Paulo. O movimento já foi intenso no gigante de 22 andares, de fachada desgastada e tapumes nas janelas, símbolo de um déficit habitacional igualmente descomunal na cidade.
Cerca de 470 famílias sem moradia já ocuparam o prédio, em espaços improvisados divididos por madeira. Era uma microcidade, a maior ocupação vertical do país e uma das maiores da América Latina. Hoje restam 63 famílias, e o barulho vem mais do trânsito da rua do que dos moradores. É que, mais de 20 anos depois da primeira ocupação, o Prestes Maia entra numa nova fase.
As famílias deixam o prédio aos poucos com a expectativa de que, enfim, será reformado. A previsão é que as obras comecem na primeira quinzena de maio, e que o Prestes Maia se oficialize como condomínio residencial, com 287 unidades. Quando isso acontecer, será o fim de uma novela de idas e vindas e promessas do poder público.
O prédio abrigou uma fábrica de tecidos nos anos 1950, que fechou anos depois. A primeira ocupação foi em 2002. Em 2007, havia um plano de que fosse reformado. Nada aconteceu, e as famílias voltaram em 2010. Em 2015, o edifício foi desapropriado, depois de anos de dívidas de IPTU acumuladas. A requalificação para habitação social ficou a cargo do governo federal, mas o plano acabou travado com o fim do programa “Minha Casa, Minha Vida”.
A esperança de reforma vem agora pela prefeitura, que assumiu o projeto por meio de um programa habitacional do município chamado “Pode Entrar”, criado no fim de 2021. O município entra com os recursos, enquanto o licenciamento e o projeto ficam a cargo de uma entidade parceira. No caso do Prestes Maia, a responsabilidade é da entidade Apoio, sob acompanhamento do Movimento de Moradia na Luta por Justiça (MMLJ). A requalificação é estimada em cerca de R$ 57 milhões e inaugura as ações do “Pode Entrar”.
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