Sustentabilidade nos condomínios
O que isto quer dizer, na prática
Por Gabriel Karpat*
É inegável que a sustentabilidade está em clara evidência no país. Ela se resume na promoção do desenvolvimento sem que, para isso, haja como consequência qualquer tipo de agressão ao meio ambiente. Por muito tempo, porém, as ações voltadas a essa preocupação partia quase totalmente do governo ou de ONGs atuantes na preservação da natureza e combate à poluição nos grandes centros urbanos.
Somente após a Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ficou conhecida como Eco-92, ocorrido no Rio de Janeiro com a participação de 175 países, o Brasil passou a participar de forma mais ativa e permanente do tema.
A partir de então, atitudes mais concretas passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas, inclusive na vida em condomínio. Muitas das ações tomadas traziam pequenos resultados imediatos, mas tinham um amplo alcance educacional e de cidadania. Iniciou-se uma nova cultura nas moradias e com ela, a consciência de que pequenos atos isolados de cada morador poderiam trazer no conjunto um grande resultado.
A legislação também passou a contemplar normas que obrigavam as novas edificações a adotarem medidas sustentáveis, visando, por exemplo, a redução do consumo de energia e água, além de causar menores impactos na vizinhança. Tais ações, pouco a pouco, foram diferenciando os empreendimentos imobiliários.
Os que traziam a bandeira da sustentabilidade ganhavam status de “construções ecologicamente corretas”. Alguns chegaram até a obter certificações de entidades especializadas, como selos de edificação e espaços de concepção sustentável.
O cuidado e o olhar atento para a sustentabilidade, passaram a ser, desde então, fator de extrema importância na administração condominial. Hoje, além de menores custos de manutenção nas operações do dia a dia, algumas mudanças prolongam o tempo de vida útil de bens e equipamentos. Práticas que também trazem como resultado fantástico a valorização do imóvel.
Nesse contexto, como ficam os edifícios construídos em épocas em que não havia ainda esse tipo de preocupação? Mesmo os que não foram erguidos seguindo os moldes dos “ecologicamente corretos”, podem ser ajustados mediante algumas simples ações, sem grandes investimentos, mas com enorme alcance ambiental.
A coleta seletiva do lixo e o incentivo à reciclagem são duas das medidas primordiais. A substituição de lâmpadas convencionais por econômicas, o reuso de água e o cuidado para o baixo consumo de água no paisagismo da área comum também são outros exemplos de iniciativas eficazes que objetivam a redução do consumo e preservação dos recursos naturais.
Outras medidas, ainda, podem ser adotadas com investimentos apropriados, caso a infraestrutura condominial permita, em prol da sustentabilidade. A medição individual do consumo de água, o aquecimento solar nas piscinas, o uso de pinturas refratárias e telhados verdes são apenas algumas “sementes” a serem semeadas nesse vasto campo da preservação.
Cabe a cada síndico e respectivo corpo diretivo avaliar e definir em suas ações futuras as práticas que melhor se adequem à realidade de seu condomínio. E alterar, gradualmente, o cronograma de realizações e manutenções que fazem parte do planejamento físico-financeiro condominial, incorporando esses novos conceitos.
Tão importante quanto preparar o edifício para essa realidade sustentável, é também preparar seus moradores. É preciso conscientizá-los em suas ações diárias, desde as mais simples até as mais complexas, para que o resultado seja o melhor possível: preservação da natureza, zelo socioambiental e, claro, ao longo dos anos, maior valorização patrimonial.
(*) Gabriel Karpat, economista (PUC-SP), mediação e arbitragem (FGV), especialista em condomínios, autor de livros e diretor da GK administração de Bens
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