Tendências tecnológicas para o mercado condominial em 2020
Condomínios inteligentes, drones, internet 5G...setor se mantém aquecido
Por Rafael Lauand*
Fazem alguns meses desde o meu último artigo, mas prometo que vamos começar 2020 com o pé direito e falando das novidades que o mundo da tecnologia espera para os condomínios do mundo todo (principalmente nos Estados Unidos). Então, não deixe de pegar aquela xícara de café e começar a ler as novidades que tem por aí.
Essa última década deixou uma coisa clara a todos: a tecnologia está em toda parte, presente no dia a dia das pessoas na mais diversas formas.
Está em nossas casas com os termostatos que aquecem nossas residências antes de entrarmos pela porta; na nossa administradora de condomínio que busca soluções para facilitar o dia a dia do síndico e dos condôminos; em nossos carros com recursos de segurança que nos alertam sobre veículos em pistas adjacentes; em nossos televisores, onde muitos de nós estamos transmitindo programas e filmes através de aplicativos. Até usamos em nós mesmos na forma de relógios de pulso que monitoram nossa saúde, e nos celulares que nos mantém conectados 24 horas por dia.
Em 2020 e na próxima década, essas tendências provavelmente ganharão impulso. Eles também ganharam visibilidade na Consumer Eletronic Show (CES), que aconteceu em janeiro deste ano, uma enorme feira de eletrônicos de consumo em Las Vegas que normalmente serve como uma janela para os desenvolvimentos tecnológicos mais quentes do ano.
No evento, a tecnologia de celulares de última geração conhecida como 5G, que fornece dados em velocidades alucinantes, tomou o centro do palco como um dos tópicos mais importantes.
Outro assunto que, novamente, foi muito falado, foram as casas e edifícios inteligentes, com aparelhos conectados à internet, como geladeiras, televisores, até a portaria eletrônica, trabalhando perfeitamente juntos — e diminuindo a interação humana no operacional e aumentando a humanização da interação com os clientes.
Se parte disso parece mais do mesmo (como a minha coluna sobre a CES em 2019), apesar de verdade, é porque as novas tecnologias muitas vezes levam tempo para amadurecer. Muitas dessas novidades amplamente disseminadas em países como, os Estados Unidos e a China, ainda não estão evidentes por aqui.
Abaixo separei as principais tendências em tecnologia para apartamentos, condomínios e também gestão para administradores de condomínio. Confira:
1. A casa inteligente e sua verdadeira automação
Nos últimos anos, Google, Amazon, Microsoft e Apple, investiram cifras gigantes para automatizar seus processos e gerar a melhor experiência para o cliente com um nível de atendimento muito acima do que estávamos acostumados. Além disso, eles vêm lutando para se tornar o centro de nossas casas e, nos Estados Unidos, isso já uma realidade.
Os assistentes virtuais (Alexa, Google, Cortana e Siri) respondem a comandos de voz para reproduzir música em alto-falantes, controlar lâmpadas, ativar aspiradores robôs e até mesmo como interfone do condomínio (ou casa).
Produtos domésticos inteligentes funcionam bem, mas ainda são complicados de configurar, então a maioria das pessoas usa assistentes virtuais apenas para tarefas básicas, como definir um despertador, consultar a agenda e verificar a previsão do tempo.
Então, em dezembro, Amazon, Apple e Google chegaram ao que parecia ser uma trégua: eles anunciaram que estavam trabalhando juntos em um padrão para ajudar a tornar os produtos domésticos inteligentes compatíveis entre si.
Em outras palavras, quando você compra uma lâmpada conectada à internet na linha que funciona com a Alexa, ela também deve funcionar com Siri e Google.
Isso deve ajudar a reduzir a confusão ao comprar produtos domésticos e melhorar a facilidade com que aparelhos conectados trabalham entre si dentro de casa e conectadas ao condomínio.
Eliminar essa complexidade é um passo necessário para alcançar o objetivo final: automação doméstica perfeita, sem a necessidade de as pessoas dizerem aos assistentes o que fazer, além da enorme redução de custo através da integração da necessidade de todos os moradores, podendo fazer compras de produtos e serviços em maior escala e mais baratos, ou seja, um impacto significativo nas contas do final do mês.
Muita novidade aqui? Não se desespere, ainda temos que trabalhar muito em eficiência de informação e gestão dos nossos condomínios para chegar lá.
Eu acredito que essas tecnologias transformarão nossos condomínios em alguns anos, pois enquanto os condôminos não tiverem uma clara visibilidade para onde vai a taxa condominial, ficarão avessos a novidades devido a transparência dos benefícios.
Se, e quando isso acontecer, seu condomínio será verdadeiramente inteligente.
2. Software de gestão para administradoras
Acredito que ainda temos muito a evoluir aqui, e sei que já citei o tema, porém acredito que é importante ressaltar três benefícios fundamentais para as administradoras de condomínio:
Escalabilidade – As crescentes organizações de gestão condominial enfrentam muitos desafios, mas ao abraçar um software de gestão, podem eliminar a necessidade de um projeto complexo no Excel. Embora o tempo de implementação seja inevitável, a escalabilidade de uma solução permite que administradoras menores entrem na corrida, uma vez que o valor e o custo aumentam frequentemente em proporção direta ao tamanho da empresa.
Previsibilidade – Os custos recorrentes previsíveis de um software facilitam significativamente o orçamento;
Confiabilidade – Empresas em crescimento não podem pagar tempo de inatividade – mas também não podem arcar com os custos altos de hardware ou pessoal envolvidos em uma instância confiável no local de software complexo – e software sofisticado de gerenciamento de condominial é um software complexo. Ao colocar o ônus de manter hardware e aplicativos com o fornecedor, os clientes do software podem se concentrar melhor em nutrir seus próprios negócios.
3. A (lenta) ascensão do 5G
Em 2019, a indústria começou a mudar para o 5G, uma tecnologia que pode fornecer dados a velocidades tão incrivelmente rápidas que as pessoas poderão baixar filmes inteiros em poucos segundos.
No entanto, o lançamento do 5G foi desapontador e desigual. Nos Estados Unidos implantaram o 5G em apenas algumas dezenas de cidades. E apenas um punhado de novos smartphones no ano passado trabalharam com a nova tecnologia celular.
Já em 2020, o 5G ganhará algum impulso. A operadoras esperam disponibilizar acesso ao 5G ainda este ano. Nos Estados Unidos, isso deve ser disseminado pelo país inteiro, enquanto no Brasil espera-se que a tecnologia comece a engatinhar.
Outro sinal de que o 5G está realmente tomando conta? Um conjunto mais amplo de dispositivos suportará o novo padrão. A Samsung, por exemplo, começou a incluir suporte 5G em alguns de seus mais novos dispositivos Galaxy. A Apple também deve lançar seus primeiros iPhones compatíveis com 5G este ano.
E não para por aí, o 5G vai funcionar nos bastidores, de maneiras que surgirão ao longo do tempo e deverá impactar o condomínio como um todo. Produtos e serviços estarão cada vez mais ligados à tecnologia, das coisas mais simples como abrir um portão às mais complexas como uma auditoria remota.
Um benefício importante da tecnologia é sua capacidade de reduzir muito a latência (tempo que leva para os dispositivos se comunicarem uns com os outros). Isso será importante para a compatibilidade de dispositivos de próxima geração, como carros autônomos já conectados ao portão do estacionamento.
Por exemplo, se uma geladeira tem 5G e outra também, as duas podem conversar entre si, sinalizando quando um produto falta e qual o melhor momento para efetuar uma compra coletiva (e muito mais barata) no momento que a necessidade surgir, favorecendo consumidores e fornecedores.
Esse exemplo pode ser utilizado também nos carros autônomos que precisarão saber em tempo real a posição de outro carro. A eliminação do atraso nas comunicações, por exemplo, é crucial para que os carros se tornem autônomos.
4. Drones? No meu condomínio?
Drones e veículos aéreos não tripulados não são mais apenas uma ferramenta para reconhecimento militar, nem um brinquedo voador usado para imagens aéreas.
Na verdade, os drones estão rapidamente se tornando a ferramenta número um que os gestores imobiliários americanos estão usando para transformar a maneira como eles veem seus edifícios, ativos e terrenos.
Essas máquinas voadoras cada vez mais populares ganham uma variedade de tamanhos, capacidades,etiquetas de preço e tornaram-se mais facilmente disponíveis para uso comercial do que nunca.
Os drones podem vir a ser o melhor amigo de um gerente predial por duas razões. Primeiro, os drones podem automatizar a coleta de dados via mapeamento 2D, mapeamento 3D, medições de área, imagens térmicas e até mesmo volumétricas. Em segundo lugar, os drones podem ser usados para agilizar inspeções de telhados e terrenos.
Essas inspeções podem ser arriscadas pois, tradicionalmente, exigem que um técnico caminhe fisicamente por uma área para coletar dados. Drones eliminam a necessidade de escalar seções perigosas de telhados. O resultado final são medições detalhadas de imagens quadradas de seções de telhado, campos ou edifícios, que podem ser usadas para auxiliar no planejamento condominial.
Hoje parece muito fora da realidade, porém é fácil notar que o preço de um drone vem caindo substancialmente e, em determinado momento, acredito que diversos condomínios terão um por motivos operacionais e de segurança.
Essas foram os principais temas que achei que valiam a pena serem destacados para vocês, e não deixem de conferir as tendências que escrevi para o ano passado neste link.
(*) Rafael Lauand (@rafalauand) é Engenheiro de Produção formado pela UFPR; especialista em controladoria e finanças pela UFPR; especialista em 'Data Science' pela John Hopkins University; sócio-fundador da LAR.app Administradora de Condomínios; professor do INSPER no curso de Direito das Startups; e conselheiro de empresas de tecnologia. Rafael foi um dos pioneiros no mercado de startups da geração 'mobile', com atuação desde logística à saúde, e também teve experiência como sócio de algumas startups de tecnologia brasileiras.
