Edifício Joelma
42 anos da tragédia que parou a maior cidade do Brasil
Sexta-feira, 1 de fevereiro de 1974, Edifício Joelma, São Paulo. O que parecia ser apenas mais um dia normal de trabalho em um dos prédios comerciais mais importantes da capital paulista, tornou-se um dia marcado por dor e sofrimento para centenas de famílias paulistanas. Ali funcionavam diversos escritórios, inclusive salas locadas para o Banco Crefisul de Investimentos.
Cerca de mil pessoas transitavam pelo edifício diariamente. Antes das 9h da manhã, quando o expediente já havia começado, o zelador do prédio notou que um aparelho de ar-condicionado havia entrado em curto circuito. Quando ele voltou à sala, em posse de um extintor de incêndio, não conseguiu mais adentrar ao local, já que as chamas haviam se propagado pelo forro, feito com material altamente inflamável.
As chamas tomaram conta rapidamente de todo o 12º andar do prédio. Os trabalhadores, assustados, não conseguiam se evadir do local, já que os andares inferiores estavam bloqueados pelas chamas.
Restaram a eles a alternativa de subir prédio a cima, até o terraço. Algumas pessoas ficavam sofucadas e não morriam antes de chegar ao destino. Outras, em desespero, se jogavam do edifício, sabendo que não conseguiriam chegar ao terraço e que logo seria alcançadas pelas chamas. Muitos dos trabalhadores que chegaram ao topo do prédio, em busca de oxigênio acabavam por inalar o ar superaquecido, que chegava a 777°C, e morriam de asfixia mecânica.
Outras vítimas, estas carbonizadas, tentaram escapar pelo elevador, que fora completamente tomado pelo fogo. Eram 13 as pessoas que foram encontradas no elevador, mas que jamais puderam ser identificadas devido ao estado de deterioração de seus corpos. Fora o fato de, à época, o Instituto Médico Legal não dispor dos recursos de identificação via exame de DNA.
As 13 vítimas não identificadas foram enterradas no Cemitério São Pedro, dando origem à lenda das Treze Almas. Uma capela fora construída no cemitério, depois de algumas pessoas associarem às Treze Almas, milagres e bençãos alcançadas.
Reza a lenda que gritos de socorro podiam ser ouvidos no cemitério à noite, o zelador afirma que os gritos vinham das covas onde os treze corpos não identificados foram enterrados. Sabendo a causa da morte, carbonizados, o coveiro passou a jogar água sobre os túmulos e os gritos cessaram.
Volquimar Carvalho dos Santos também trabalhava no Edifício Joelma, a jovem acabara de receber a notícia de que havia passado no curso de Letras na USP. Ela também estava entre as 191 pessoas mortas no incêndio.
A história de Volquimar chegou até o médium Chico Xavier por intermédio da mãe da moça. As cartas de Volquimar, psicografadas por Chico, viraram filme. “Joelma, 23º Andar”, gravado em 1979, protagonizado por Beth Goulart no papel de Volquimaria (no filme, o nome da personagem é Lucimar), retrata os últimos instantes de vida da jovem e de suas companheiras de trabalho, mortas naquela sexta chuvosa do mês de fevereiro.
Em 2005, o especial Linha Direta Mistério, que trouxe uma série de casos e crimes curiosos, e às vezes indecifráveis da história nacional, em seu primeiro episódio retratou o acontecido naquele primeiro de fevereiro de 1974.
Há na internet uma porção de postagens relacionando lendas urbanas ao acontecido no edifício. Depois da tragédia, o Edifício Joelma passou por profunda reforma, chegando a ser considerado o prédio mais seguro da cidade de São Paulo. O nome também foi alterado, hoje Edifício Praça da Bandeira. Mas nada afasta da memória dos paulistanos aquela manhã de terror.
Fonte: http://www.dm.com.br/
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