Tubulação da Cedae
Acidente em condomínio no RJ ainda prejudica moradores
Moradores de condomínio destruído por estouro de rede da Cedae, em Campo Grande, ainda vivem em hotel
Rompimento da tubulação destruiu 54 casas ocorreu em outubro do ano passado. Eles reclamam que com gastos de diárias, Cedae poderia ter pagado as indenizações
Quase sete meses após o estouro de uma tubulação da Cedae em Campo Grande, na Zona oeste do Rio, moradores da região ainda não conseguiram voltar para suas casas. Famílias que moravam no Condomínio Pomar do Mendanha e foram atingidas pelo rompimento ainda estão vivendo em hotel.
“Foram 54 casas afetadas, 34 receberam o valor parcial que foi desmembrada da obra e parte dos móveis. Vinte casas não receberam nada ainda e apenas oito receberam o valor total, que bem abaixo, bem abaixo. O valor totalmente diferente do que foi orçado pelos moradores e repassado para a Cedae. A Cedae pagou em média, por volta de 60% do valor orçado”, diz o síndico Valter Pessoa.
O condomínio foi o mais atingido pelo rompimento de uma tubulação da Cedae em outubro do ano passado. Desde então, o portão de uma das casas continua quebrado e parte do muro foi substituída por tapumes.
"Aconteceu no dia 31 de outubro e acreditei que estaria antes do Natal na minha casa. Dezembro, janeiro, antes do carnaval, Páscoa e tal. Isso foi me abalando. Foi abalando meu sistema emocional, meu e da minha família. Todo mundo no mesmo quarto. E ponto crucial foi quando foi suspendida a alimentação dentro do hotel por falta de pagamento da Cedae”, conta a contadora Ruth Cleyde Lemos de Oliveira.
Ela voltou para casa, mas outras quatro famílias continuam no hotel no Centro de Campo Grande. Os gastos com a estadia, alimentação e lavagem de roupa são pagos pela Cedae.
De acordo com um aplicativo de hospedagem, a diária de uma suíte família custa R$ 568. Com base nesse valor, a Cedae gastou de outubro para cá, quase R$ 120 mil com a locação de apenas um quarto.
Em janeiro, os moradores hospedados no hotel tiveram que assinar uma planilha com os valores de lavanderia referentes as roupas lavadas em apenas três dias. O total é de mais de R$ 1.700.
“Nós estamos a mais de seis meses no hotel. Quer dizer, o valor que se paga em diária, que se paga em alimentação e lavagem de roupa, com certeza esse valor que foi pago ao hotel, já poderia ter pagado nossas indenizações”, disse a administradora Mara Praxedes da Silva.
Pelos menos seis casas tiveram danos na estrutura. Numa delas, que está vazia, a porta não fecha mais. A parede está cheia de rachaduras e o que chama mais atenção: a conta de água da Cedae não para de chegar.
No último laudo da Defesa Civil, em dezembro do ano passado, não foram constatados indícios de risco de colapso estrutural nessas casas. Mesmo assim a dona do imóvel, por telefone, disse que tem medo de voltar para casa.
“Não me vejo com coragem de morar nessa casa sem fazer uma obra estrutural porque foi muita água. Estou gastando seguro desemprego, tudo, pagando aluguel porque as nossas contas não deixam de chegar”, reclamou Edilena Pereira.
A Cedae informou que está apurando o que aconteceu e fez contato com a Defensoria Pública para definir as prioridades e os ajustes necessários.
Fonte: g1.globo.com