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Jorge Lordello

Vigilância armada

Entenda os prós e contras dessa modalidade de serviço

12/12/16 09:26 - Atualizado há 8 anos
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Entenda os prós e contras dessa modalidade de serviço

Por Jorge Lordello*

Muitos prédios com moradores de alto poder aquisitivo usam estratégia de manter vigilante armado no interior da clausura de veículos. O custo mensal dessa providência gira em torno de 23 a 30 mil reais.

Mas qual a função desse profissional de segurança para o controle de acesso de autos?

Entrevistei alguns síndicos que contratam esse tipo de serviço e, basicamente, o vigilante na clausura de autos realiza duas atividades distintas:

  1. Veículo que deseja deixar a garagem: antes do morador sair do condomínio, o funcionário observa o movimento da rua, e via rádio transmissor, se não identificar situação de risco, solicita a abertura do portão principal pelo porteiro. Saliento que o vigilante armado não pode, conforme legislação vigente, ingressar na calçada, ou seja, deve permanecer sempre dentro dos limites do prédio. Essa atividade poderia facilmente ser exercida pelo profissional da guarita, que atavés da vidraça e do monitor que exibe imagens de câmeras de segurança, que devem ser instaladas em toda a fachada do local, tem acesso ao que se passa na rua. Portanto, não existe necessidade de se manter segurança armado para essa finalidade específica.
  2. Veículo de morador que deseja ingressar no edifício: geralmente, a abertura do portão principal é realizada pelo motorista, para que não ocorra demora do ingresso do carro na clausura. Muitos prédios deixam a cargo do porteiro ou do próprio vigilante da clausura a abertura do portão principal da garagem, o que entendo ser um equivoco, pois qualquer demora no acionamento pode gerar risco de assalto ao morador que está na espera. Depois que o veículo do morador adentra à clausura, o vigilante armado aproxima-se do auto para realizar vistoria. Na verdade, a função do segurança, nesse momento, é verificar se o condutor está rendido por bandido. Ao perceber que o morador não está na condição de refém, o vigilante, via rádio transmissor, comunica a portaria para abertura do chamado segundo portão. Mas cabe uma dúvida importante:

Mas qual será a conduta do vigilante armado se desconfiar que o morador está rendido por bandidos?

Essa indagação não é tão simples de ser respondida; jamais saberemos qual será a reação dos marginais armados ao notarem a aproximação do vigilante.

É preciso aprofundar essa questão para entender se é valido ou não manter profissional da área de segurança privada armado no interior de clausura de autos.

Que tipo de marginal invade prédio rendendo na rua o morador com o veículo?

Inicialmente, é importante esclarecer que um condomínio pode ser invadido por dois tipos de criminosos:

  1. Profissional: quadrilhas organizadas, compostas por marginais experientes e fortemente armados, que planejam a invasão do prédio milimetricamente. Com a rendição do porteiro, os criminosos passam a ter controle total do local e assim podem invadir diversos apartamentos. A esse modalidade deu-se o nome de “arrastão”.
  2. Amador: o leitor já deve ter ouvido falar dos bandidos chamados “pés de chinelo”. São jovens audaciosos, drogados, com baixa escolaridade e bastante agressivos em razão do estado emocional gerado pelo consumo exagerado de substância entorpecente; costumam portar revólver calibre 38. Durante sequestro relâmpago, alguns assaltantes, ao perceberem que a vítima têm boa condição financeira, ordenam que os levem para seu local de moradia. No caso de condomínios, realizam assalto apenas no apartamento do morador refém, subtraindo dinheiro, joias, cartões de crédito e de bancos e as respectivas senhas, além de celulares e objetos eletrônicos de pequeno porte. Antes de deixarem o apartamento, amarram todas os familiares e fogem no carro do morador. 

Minha experiência como pesquisador criminal há mais de 20 anos, pode asseverar que apenas ladrões amadores tentam a penetração no condomínio, e isso após assalto aleatório envolvendo carro de morador.

Entrevistei centenas de vítimas que ficaram sob mira de jovens marginais. Minha intenção era entender a postura desses bandidos inexperientes na hora do roubo. Portanto, apresento as principais  impressões relatadas pela vítimas:

  • Os bandidos ficam tensos e nervosos pelo risco do surgimento da polícia e, consequentemente, serem presos ou mortos
  • Preocupação constante com possível reação da vítima, inclusive com receio que se trate de policial a paisana
  • Marginal que empunha a arma de fogo apresenta mão trêmula, e o pior, coloca o dedo no gatilho e aponta diretamente para a vítima
  • Muitas vezes, os próprios assaltantes se desentendem, aumentando o ambiente de tensão

COMO DEVE O VIGILANTE AGIR QUANDO DA ENTRADA DE VEÍCULO DE MORADOR NA CLAUSURA?

O condutor já está ciente que o vigilante fará breve revista visual no interior do automóvel. Alguns prédios têm como norma que o morador abaixe os vidros do carro para que o funcionário possa realizar inspeção completa e até abra o porta mala . Em caso de assalto na rua, a tendência é que o próprio morador esteja dirigindo o veiculo, sendo que um marginal sentará no banco do passageiro e o comparsa no banco traseiro. Essa condição enseja dúvida importante:

Será que é fácil o vigilante perceber que os passageiros do morador são assaltantes?

O leitor pode estar pensando que é uma tarefa simples, mas não é, pois conforme o antigo jargão popular: “Quem vê cara não vê coração”. Vamos supor que o vigilante levante suspeita equivocada em relação aos passageiros do condutor! 

Qual seria a reação do morador e, principalmente, daqueles que estão sofrendo constrangimento de forma equivocada?

É importante compreender que existe uma distância gigantesca entre a identificação de um ladrão na prática criminosa e a suspeita de que alguém possa estar praticando um delito contra o morador. Partimos do princípio que num primeiro momento os assaltantes não estariam mostrando suas armas de fogo. Tentariam se disfarçar, parecer convidados do morador, ora vítima.

Como deve agir o vigilante armado se tiver certeza que os passageiros  do morador são assaltantes?

A primeira constatação é que o vigilante está sozinho e terá que enfrentar no mínimo dois bandidos, que naquele momento de tensão estão enclausurados, como numa gaiola, aumentando, assim, a tensão. Outra preocupação do vigilante armado, além de salvaguardar sua vida, é não ferir o morador que está no interior do carro, mantido como refém.

Outro ponto que não se pode olvidar, é que os meliantes podem ter interesse em roubar a arma de fogo do vigilante. Portanto, fica claro que diversas variáveis podem ocorrer nessa ocorrência de alto risco para todas as partes envolvidas.

Mas será que o vigilante terá controle emocional e treinamento suficiente para saber qual melhor atitude tomar nesse momento de crise?

Prefiro acreditar que gerenciar o perigo num espaço limitado, cercado de gradil e concreto, não seria fácil, nem para um policial, pois as possibilidades são muitas.

Não podemos esquecer que alguns edifícios não permitem que passageiros de morador ingressem com ele na garagem. Nesse caso, o vigilante solicita que o passageiro saia do carro e dirija-se à portaria para identificação e cadastro. Mas...e se ao invés de amigos ou parentes, forem bandidos armados... como o vigilante iria agir? 

Uma coisa é certa, posso garantir que os jovens meliantes:

  • Não se entregariam
  • Não atenderiam qualquer ordem do vigilante
  • Poderiam usar o morador como escudo
  • A possibilidade de usarem as armas de fogo contra o vigilante é grande

E nos horários de almoço e jantar do vigilante, como também nos períodos de ida ao banheiro, como ficaria esse esquema de segurança? Acredito que com furos, como uma peneira.

CONCLUSÃO IMPORTANTE:

Acho arriscado manter vigilante armado na clausura de veículos com a finalidade de barrar a entrada de bandidos que, eventualmente, mantenham morador como refém em seu próprio automóvel. 

O mercado de segurança eletrônica disponibiliza equipamentos, softwares e aplicativos que ofertam possibilidade de morador rendido por meliantes possa emitir sinal silencioso ao porteiro, avisando do problema que está enfrentando; sem os bandidos perceberem. Dessa forma, o funcionário na guarita, distante e protegido dos bandidos, terá todas as condições de gerenciar o problema de forma segura e profissional.

 

* Jorge Lordello é especialista em segurança pública e privada, escritor internacional, conferencista e palestrante sobre segurança em condomínios horizontais e verticais. Apresentador do programa “Operação de Risco” na RedeTV.

 

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