Por Hubert Gebara *
Quando um condomínio é instalado, o hidrômetro de medição individual de água deve estar pronto para operar, não apenas previsto. Água é um bem finito, responsável pela segunda maior despesa da taxa condominial. Continuando o desperdício tal como existe agora, será brevemente a primeira despesa, acima daquela referente a mão de obra e encargos. Mas a água – um questão de vida ou morte para todos nós em futuro não muito distante -, não é a única fonte de preocupação para quem mora ou trabalha nessas comunidades.
Outra grande preocupação é a segurança dos prédios onde moramos ou onde trabalhamos para conseguir nosso sustento e de nossa família. Assim como o hidrômetro, quando um prédio é instalado, o sistema de segurança deve estar definido e pronto para proteger o empreendimento. Sai mais barato e melhor do que se for implantado a posteriori. O que é preciso então? A empresa administradora do condomínio deve participar do empreendimento desde a fase da prancheta. Com sua experiência, ela vai poder assessorar em tudo o que lhe for pertinente. Será por sua vez assessorada pelas empresas de segurança suas clientes em cuja expertise já confia.
Esse projeto de segurança acoplado vai estabelecer posição correta da guarita, altura ideal dos muros, locais estratégicos de instalação de câmeras e circuitos de tv, iluminação e assim por diante. Significa que nada será feito aleatoriamente. A questão da segurança continua sendo o maior problema dos condomínios e uma correta adequação de seus itens só vai ajudar.
Esse sistema de segurança acoplado certamente vai focar nas áreas mais vulneráveis, como a guarita e a garagem. A guarita é um ponto crítico de onde é necessário poder acompanhar tudo o que acontece intramuros e, até onde for possível, extramuros. É um espaço ainda em estudo: poderá ser melhor do que é atualmente. Terá de ter sanitário, mas não rádio ou TV. Uma guarita sem um mínimo de entretenimento para quem a ocupa pode parecer exagero, mas não é. O ocupante não pode perder nunca o estado de alerta, pois é no vácuo desse alerta que surge o perigo. Nada de futebol no tédio das tardes de domingo. Aliás não pode haver tédio. “É o maior de nossos pecados”, como dizia Oscar Wilde.
A guarita deve ser blindada e cega para quem está de fora. Blindada e com visão total do entorno para quem a ocupa. Idealmente, deverá estar conectada com algum ou alguns prédios vizinhos para que possa ajudar e ser ajudada em caso de assalto.
E a garagem? Algumas empresas de segurança desenvolveram sofisticados softwares para torná-la invulnerável. É difícil, mas dá para chegar perto disso. O software registra todos os dados do carro e de seu proprietário. Quando o carro chega ao prédio, os dados precisam “bater” com aqueles registrados pelo condomínio. Do contrário o carro não entra.
Com guarita e garagem bem protegidos, o condomínio pode relaxar? Infelizmente não. Além do aparato eletrônico, síndico, subsíndico, zelador e corpo de funcionários precisam fazer a sua parte. Feito isso, está tudo ok? Ainda não. O condômino não pode se omitir achando que “não é mais com ele”. Ele paga, portanto merece proteção. Realmente merece, mas também precisa manter um olho aberto.
Precisa participar das assembleias, ouvir e oferecer idéias, prestar atenção em seus pares e em toda a comunidade que mora e trabalha ali. O condomínio é a sua casa e seu patrimônio. É a mais moderna e completa forma de moradia. Cresce mais do que as cidades onde estão. Apenas no Estado de São Paulo, são cerca de 40 mil, um número que vai dobrar nas próximas décadas.
Vigilância é algo ainda pouco conhecido. O estado normal dos humanos é a distração. Algumas técnicas de yoga pretendem ensinar como manter o estado de alerta. Não é necessário ir tão longe, mas é bom ter em mente essa questão crucial.
“O preço da liberdade é a eterna vigilância”. Era a senha de antigo partido político brasileiro. Seu verdadeiro autor nunca foi conhecido, alguns atribuindo-a a Thomas Jefferson ou Aldous Huxley. Provavelmente tem origem muito mais remota, quando não era apenas uma metáfora. Seja como for, a sentença é perfeita para um crachá dos tempos atuais. Vamos colocá-la em pontos visíveis do condomínio?
*Hubert Gebara é vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP e diretor do Grupo Hubert.
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