Patamares: Tanque de prédio interditado desaba em casas vizinhas
Responsável pelo prédio é o mesmo do edifício Jardim Brasília, em Pernambués; tanque danificou telhado e carro
O advogado José Lino e sua família vivem em estado de alerta. "Qualquer barulho a gente sai da casa com medo que é alguma coisa desabando". Lino, 51 anos, mora com sua esposa, filha e enteado em um condomínio de casas na Rua Bicuíba, em Patamares. Seu vizinho é um prédio interditado pela Secretaria Municipal de Urbanismo (Sucom) em maio de 2015, mas que continua derrubando materiais no terreno do condomínio.
Na tarde desta segunda-feira (25), o tanque do prédio, que fica no terraço, caiu na casa de Lino e na garagem da casa vizinha, cujos moradores estão viajando. O telhado da casa do advogado e o toldo da garagem sofreram danos. O veículo estacionado ficou com um buraco no capô. Pedaços de cimento e lama ficaram espalhados pelo chão.
"Há um risco eminente que o prédio desabe, fica todo mundo sobressaltado", lamentou.
O prédio foi inicialmente embargado em maio de 2015 pela Secretaria Municipal de Urbanismo (Sucom), por não corresponder ao projeto apresentado. Previsto para ter seis andares, outros cinco foram construídos. Logo depois a Sucom interditou a obra, por desobediência ao embargo. Em agosto, o órgão aplicou novo embargo, por haver famílias morando no prédio. Na ocasião, a Sucom afirmou que faria monitoramento diário no local.
José Lino afirma que o prédio continuou em obras durante novembro, dezembro e janeiro.
"Sexta (22) veio um caminhão trazer material de construção". Ele denuncia que o construtor responsável pela obra recruta famílias do interior do estado para morar e trabalhar na obra. O advogado afirma que já abriu denúncia no Ministério Público do Trabalho (MPT).
O MPT não confirmou a denúncia do advogado, mas informou que já existe inquérito aberto para investigar o prédio desde 2013. O MPT investiga denúncias de descumprimento de normas de saúde e segurança no ambiente de trabalho. Em julho de 2013, houve ação fiscal por auditores da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) e a construtora autuada por nove irregularidades. A última ação fiscal, em 29 de dezembro, encontrou a obra fechada. Novas ações serão realizadas.
Ficha corrida
De acordo com a Sucom, o procurador da obra é Antônio Carlos dos Santos Conceição, apontado como responsável pela construção do edifício Jardim Brasília, em Pernambués, que também foi embargado. O alvará do prédio de Patamares está em nome de Noerlange de Jesus, filha de Solange de Jesus, a requerente do alvará do Jardim Brasília.
O engenheiro inicialmente responsável pelo edifício da Rua Bicuiba é Ney Pereira de Souza, o mesmo do prédio de Pernambués até 2010. Ele já foi notificado pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-BA).
Vergalhão
Segundo os moradores do condomínio Sol de Patamares, onde fica a casa de José Lino, outros objetos já caíram do prédio vizinho.
"Já caiu um vergalhão de seis metros. Caiu um parafuso dentro de minha casa", conta o analista de sistemas Fábio Alfaya, 45. "Meu carro já tomou banho de cimento, o dele (Fábio) também", diz Lino.
Além do medo, os moradores do condomínio afirmam não saber mais o que fazer para resolver a situação. Eles contam que já deram queixa na polícia e na Sucom. "Hoje não sei se vou dormir com minha família aqui. Alguma hora vai cair", concluiu o advogado José Lino.
Fonte: http://www.correio24horas.com.br/
Matérias recomendadas