Voos de paramotores
Moradores de condomínio em Mogi relatam perigo
Moradores de condomínio de Mogi das Cruzes reclamam de voos rasantes de paramotores sobre residências
Segundo os moradores, voos têm sido recorrentes e acontecem bem próximos das casas. Principal preocupação deles é com a possibilidade de ocorrer algum acidente no local
Moradores de um condomínio no Itapeti, em Mogi das Cruzes, reclamam de voos rasantes dos pilotos de paramotor dentro da área das residências. A principal preocupação deles é com o risco de acidentes, pois, de acordo com o relato de uma das moradoras, a situação é recorrente.
“Eu estava em um momento de descanso, quando pude fazer uma imagem e tive contato visual com o piloto, que sempre sobrevoa o condomínio. Não é a primeira vez. Isso acontece há algum tempo, sempre aos fins de semana, no final da tarde”, disse a dona de casa Cristina Caires.
Além de Cristina, outros moradores do condomínio também reclamam da situação. Foram eles que fizeram imagens mostrando o paramotor próximo das casas. Em algumas dessas imagens, é possível ver manobras feitas bem perto do condomínio.
“Ele voa muito baixo mesmo. No dia em que eu estava na quadra, ele circulava muito a mesma casa, muito baixo, quase passando na varanda da casa. E eu parei, porque estava muito perigoso. Ele pode perder o equilíbrio, encostar em um fio e provocar um acidente muito mais sério”, relatou a professora Márcia Elisa Viviane.
De acordo com os moradores, já faz alguns dias que o esporte tem sido praticado frequentemente sobre as residências.
“No começo, ele sobrevoava a mata. Enquanto ele sobrevoava a mata, eu via o artigo na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e esse artigo autorizava que ele sobrevoasse a mata. Ele não autoriza que sobrevoe aglomerações de pessoas, e nem bairros residenciais. A partir de uns 20 dias para cá, ele começou a sobrevoar o condomínio”, contou o consultor de marketing Sidney Marcos Ramos.
“O que gera insegurança é que nós não sabemos a finalidade desses voos. E também oferece risco, porque não estamos livres de acontecer um acidente, de cair sobre alguma casa, ou algumas pessoas que estejam circulando”, disse Cristina.
Eles contam que procuraram a Anac, mas não conseguiram solucionar o problema. “Eu mandei um e-mail, relatei todo o fato. Inclusive mandei um vídeo para eles. E a resposta que eu tive é que eu enviasse o número do aparelho. Como eu vou enviar o número do aparelho para a Anac? Só se eu sair voando atrás do piloto”, falou Cristina.
De acordo com o regulamento brasileiro de aviação civil da Anac, é ilegal praticar esportes aéreos de forma que ofereça risco às pessoas no solo e ao sistema de aviação civil. Além disso, também é ilegal realizar operação de pouso ou decolagem em locais que não foram autorizados pelo proprietário.
Tyago Couto Rosa é instrutor há dez anos e dá aulas de paramotor. Ele explica que é necessário um registro para praticar esses voos e que não se pode sobrevoar em áreas urbanas.
“Aqui no meu espaço, na minha escola, todos os aviões que estão passando pela região sabem que ali há a prática de esporte aéreo de paramotor. Então a gente só pode voar em determinadas localidades. A gente não pode sobrevoar a cidade, não pode fazer longas distâncias, invadindo o espaço aéreo. E se você vê um paramotor sobrevoando um local onde não deveria estar, você consegue pegar a identificação dele e reportar isso para as autoridades”.
O advogado especialista na área desportiva Roberto Fadul Machado explica quais são as penalidades caso haja o descumprimento do regulamento.
“Podem ser sanções simplesmente preventivas ou sanções até de suspensão, para que aquela pessoa que está fazendo uso do equipamento fique impossibilitada de praticar essa atividade. Dependendo do grau da infração, ela pode ser de 12, 18 ou 24 meses. Mas o morador que se sentir incomodado com isso, o primeiro órgão que ele tem que procurar é a Polícia Civil. E por meio do site da Anac, ele pode também fazer uma comunicação de denúncia. Mas o ideal mesmo é fazer o comunicado para a Polícia Civil, no caso onde essa área residencial estiver localizada, com a seccional mais próxima”, explicou o advogado.
Fonte: https://g1.globo.com